O empobrecimento cultural do país

novembro 17, 2023

É triste presenciar o empobrecimento cultural do país, com tantas influências culturais por conta da miscigenação que sempre foi á marca do Brasil, não é possível que estejamos produzindo uma cultura tão rasa, tão sem significado e tão sem importância nos dias de hoje. E aonde notamos com mais força essa tendência de empobrecimento, é na música. É praticamente impossível ouvir alguma coisa interessante, musicalmente falando, é só apologia ao sexo, ao crime e de dor de cotovelo. Não há mais poesia, nem tão pouco, melodia.

Outro aspecto que vem contribuindo para esse empobrecimento da cultura do país é o patrulhamento ideológico que prega o abominável politicamente correto em tudo que seja produzido em termos de cultura. A arte vem sendo pautada de forma sistemática, o quê vem interferindo, violentamente nas manifestações culturais, que devem sempre estar de acordo com a cartilha da patrulha de plantão e atender essa ou aquela minoria. A beleza e estética da cultura não são mais importante, importante é “lacrar” de alguma forma.

Hoje a produção da audiovisual, por exemplo, sofre uma interferência muito forte dessa patrulha ideológica, que ameaça e faz campanha de cancelamento de público, quando a produção foge dos termos impostos desta maldita cartilha do politicamente correto. E o que acabamos assistindo, invariavelmente, são produções presas a discursos ideológicos, preocupadas apenas em satisfazer a sanha desta ou daquela “minoria”, sem dar importância ao produto cultural que deveria ser produzido. A cultura virou panfleto, há muito pouco de arte nela.

Às vezes, vemos obras que teriam tudo para serem grandes, culturalmente falando, mas que se perdem porque precisam atender interesses que nada têm a ver com a cultura, vilipendiam nossas manifestações culturais, como se elas não representassem a nossa identidade cultural, muitas vezes, alteram e distorcem nossa cultura só para atender a ideologia partidária ou para enaltecer esse ou aquele grupo, dando um protagonismo que não existe de fato.  A cultura é feito através dos tempos e conta a história de seu tempo.

O pior, é que a cada dia que passa, a cultura vai empobrecendo ainda mais, pois não se faz mais cultura para a eternidade, é tudo fugaz demais, não se produz nada de relevante, temos hoje uma cultura descartável, que está preocupada, apenas, em agradar “minorias” e como diz a voz corrente de hoje em dia, “lacrar” e mais nada. É triste, muito triste, ver um país com uma diversidade cultural, fantástica, se satisfazer com produções de “funks marginais” e de obras político-ideológica.

O que ficará para posterioridade? Nada, absolutamente, nada! Destruíram a cultura do país por conta de um discurso ideológico, acabaram com as produções culturais para atender as bandeiras de uma “minoria” ressentida, que quer se protagonista em tudo e a todo custo. Fabricam heróis e vilões, sem pensar na relevância cultural da obra, apenas por capricho. E assim, não produzimos nada de relevância cultural neste século e ainda fomos capazes de empobrecer a cultura do nosso país de tal forma, que hoje, mal temos uma cultura, apenas um arremedo de manifestações ideológicas.


A dificuldade de se escrever uma história

abril 28, 2023

Antes, a maior dificuldade de um escritor, dramaturgo, ou de um roteirista era o bloqueio criativo, afinal, enfrentar uma folha em branco quando as idéias não vêem é realmente desafiador, mas, hoje em dia, isso não chega nem aos pés das principais preocupações que um escritor tem para contar alguma história. Antes até mesmo de começar a colocar a sua história no papel, o escritor precisa decidir se está disposto, ou não, enfrentar a patrulha ideológica.

Esse tal movimento progressista fiscalizador do que seja o certo e o errado, segundo a sua ideologia, exerce uma pressão descabida sobre os escritores, os ameaçando de cancelamento, caso sua história esteja em desacordo com o que eles julgam que deva acontecer. Na verdade, eles não têm preocupação com a narrativa de uma escrita, nem mesmo com a realidade, querem apenas que as histórias retratem as fantasias da vida que eles pensam viver.

O pior e mais grave disso tudo, são que editoras, produtoras, companhias de teatro, se rendem a esses barulhentos ideológicos, querendo pautar as histórias, forçar situações dramáticas, inventando personagens que não condizem com a história (vide a polêmica com a Cleópatra Preta), determinando cotas disso ou daquilo em cada história, jogando fora a criatividade autoral de quem escreve, em nome de atender grupos que se sentem vítimas até mesmo por estarem vivos.

É, realmente não está nada fácil ser escritor nestes tempos sombrios e agora, além da patrulha ideológica, há um obscuro movimento de censura sendo arquitetado nos porões da política brasileira, que quer impedir a liberdade de expressão, de opinião, criando uma lei para que tudo que venha a ser dito, só possa ser publicado se estiver de acordo com à verdade que eles determinam e determinarão. Está ficando ainda mais difícil ser escritor por aqui, até mesmo escrever uma ficção.

E se não bastasse tudo isso, ainda criam outras dificuldades que alguns escritores têm de enfrentar, além de escrever uma boa história, aliás, isso nem é a prioridade para os segmentos que usam a escrita como ponto de partida de seus produtos dramatúrgicos. Entre essas dificuldades está o preconceito com quem não faz parte de nenhuma minoria ideológica, ou até mesmo com quem é considerado velho demais para escrever. Olha só a que ponto chegamos, hein? Outrora, quanto mais velho, mais respeitado o escritor!

Mas, há de se continuar, apesar e acima de tudo, pois escrever vai muito mais além do que qualquer patrulha ideológica ou de qualquer verdade imposta na base da censura, escrever é missão e quem a abraçou e aceitou seguir por esse caminho, não pode e nem deve se acovardar com ameaças dos que tentam lhe impedir de realizar o seu trabalho. É certo, que muitos já estão acovardados, com medo de ferir o chamado “politicamente correto”, mas há de se continuar, tal “Dom Quixote”, porque escrever é preciso!


Está proibido fazer humor

fevereiro 18, 2022

Não faz muito tempo que o humor circulava nas rodas de conversa, uma piada aqui, uma situação engraçada ali, uma tirada de sarro sobre o ridículo em que as pessoas se colocam, às vezes até por distração, a verdade é que havia espaço para rir de tudo que se achasse ou fosse de fato engraçado, mas hoje em dia, o que vemos, é que está, terminantemente, proibido fazer humor, rir, nos dias de hoje, chega ser até uma ofensa para algumas pessoas.

Não é fácil precisar o exato momento em que fazer humor passou a ser um ato ofensivo, mas o que dá para afirmar que há cerca de dez anos, a coisa era muito diferente de hoje, ainda se tinha liberdade para fazer humor e fazer às pessoas rirem sem medo, hoje estão todos taciturnos, todos estão sempre com duas pedras na mão, prontos para atirar no primeiro que fizer uma piada, que tire o sarro de alguma situação engraçada de tão ridícula, e tudo foi ficando, demasiadamente, chato.

O certo é que todo esse quadro mal humorado que estamos vivendo nos dias de hoje, ganhou força com o tal do famigerado, “politicamente correto”, somado a outra não menos famigerada, cultura de vitimização das pessoas, ambos, fortemente difundidos, nos últimos tempos, principalmente pelos chamados “progressistas” e que foi se espalhando feito um rastilho de pólvora, até chegar neste exato momento, em que as pessoas não têm mais direito de rir, a não ser em casa, sozinho e sem que ninguém veja.

Agora, qualquer coisa que você escreva, que você fale, já não é mais visto sob a ótica do humor, tudo é uma ofensa, tudo é preconceito, tudo é para diminuir o outro, um chororô sem fim! Transformaram às pessoas em zumbis rabugentos, que perderam a capacidade de ver o lado mais leve da vida, e que são incapazes de achar graça em alguma coisa, uma gente infeliz, que jogou fora a velha receita que dizia que rir é o melhor remédio.

Vivemos com um patrulhamento sem fim, fiscalizando quem ainda quer fazer as pessoas rirem, e sabotam, cancelam, denunciam, sempre que alguém tenta olhar uma situação com os olhos do humor, o fato é que os olhos dessa gente não enxerga, é cinza, sem cor, só enxergam dor e ofensa, uma gente pequena que perdeu a alegria de viver, pois quem não quer rir de nada, já não vive, habita esse espaço, feito planta morta que não dá mais flor.

Não está nada fácil escrever ou fazer comédia nos dias de hoje, ainda que, fazer rir seja o quê, a maioria das pessoas mais precise neste nosso doloroso tempo, mas, os “progressistas” do apocalipse, que controlam o politicamente correto e que se acham pessoas de caráter ilibado e de alma límpida e de grande pureza, estão, diuturnamente de plantão, determinando que é proibido fazer humor neste planeta.

E, assim, por conta dessa gente doente, que resolveu não dar mais espaço para piadas, que determinou que não existe mais nada de engraçado e que tudo é sempre uma ofensa contra uma minoria desprotegida, é que a vida vai amanhecendo, a cada dia, muito mais triste e fica cada vez mais difícil, viver. Até quando essa gente hipócrita vai determinar que  não é mais permitido fazer humor? Até quando?


Os desafios de um autor

agosto 6, 2021

Escrever não é um processo assim tão simples como alguns acreditam ser, escrever demanda um esforço de criação, enorme, é como diz aquela velha máxima: “um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração” mas, se não bastasse todo esse esforço natural da escrita, hoje em dia um autor tem novos desafios para enfrentar, a polarização política e o politicamente correto.

Sofrendo uma patrulha de vários segmentos sociais, os autores sofrem uma pressão a mais na hora de contar suas histórias, pois precisam redobrar a atenção e apurar ao máximo a criatividade para poder driblar certas situações dramáticas de suas histórias e não causar a ira de quem está preocupado apenas em polemizar sobre qualquer assunto, ainda que a vida seja cheia dessas polêmicas que precisam ser discutidas.

Falar sobre certos assuntos em suas histórias já não é tão simples assim para os autores, há sempre um olhar político sobre as intenções do autor com a sua história e os efeitos “colaterais” que ela possa trazer ao debate social, a escrita virou assunto mais político do que literário, sempre tem alguém constando um autor, pois falar sobre certos assuntos parecem ser proibidos para alguns segmentos da sociedade.

Mas escrever é arte e, embora a arte seja um ato político, o autor não pode contar suas histórias sob o viés de um olhar político partidário, uma história precisa ser contada através de todas as suas nuances e com a independência de quem quer colocar na mesa, os problemas, os preconceitos, as mazelas e as contradições de cada ser humano, um autor não pode emprestar a sua arte para defender bandeiras políticas.

Por isso, nos dias de hoje, os desafios de um autor são muito maiores do que possa parecer, para escrever e contar suas histórias, um autor tem que ter, acima de tudo, coragem para tocar nas feridas sociais, enfrentar o politicamente correto, mostrar o lado podre de quem se acha do bem, falar de quem defende bandeiras quando estas lhes interessam e, acima de tudo, ser o espelho da sociedade.

Um autor não tem partido político, não é de esquerda, nem de direita, não defende bandeiras, um autor é apenas e tão somente, um contador de histórias, que busca através de sua literatura, desnudar a alma do ser humano, retirar as máscaras da hipocrisia e cutucar as feridas de uma sociedade doente e, muito embora alguns se sintam intimidados por segmentos sociais, um autor precisa seguir firme e independente cumprindo seu papel de contar histórias.


Ódios e Cancelamentos

fevereiro 26, 2021

Por conta de um programa de televisão, o brasileiro deixou transparecer o tanto de ódio que é capaz de destilar contra quem tenta se sobrepõem ao outro, deixou claro que na tolera um discurso opressor, que busca humilhar, ofender e, como está na moda, cancelar, pessoas, as diminuindo e as destratando por estas discordarem de pensamentos e opiniões, o brasileiro deu o seu recado para os progressistas, que não compra mais esse discurso.

Ainda que após o resultado do programa, jornalistas, artistas e celebridades com viés progressistas, pediam ao público empatia contra a eliminada, o estrago do discurso opressor destilado durante o confinamento, foi devastador para quem levanta a bandeira do politicamente correto, até a eliminada e parte da mídia ensaiam a toda hora buscar a responsabilidade do discurso usando do artifício da vitimização, mas o recado já dando, e bem dado.

Tudo que aconteceu serviu para desnudar o famigerado e tendencioso, discurso do politicamente correto, das falsas bandeiras das minorias, da retórica da vitimização, daqueles que não se furtam a usar e abusar do discurso opressor, da violenta censura do pensamento e da opinião e do, (como bem diz a palavra da moda), do cancelamento, desferindo e incitando o ódio contra aqueles que discordam de suas posições e suas ideologias.

Receber o pagamento na mesma moeda que este pessoal está acostumado a dar, não está sendo nada fácil, a campanha para tentar reverter o estrago da exposição do discurso militante opressor, que mostrou que para se sobrepor é capaz das mais terríveis perversidades contra o outro, já circula pelas redes sociais e busca reverter a imagem da eliminada durante o programa, mas o problema, é que o problema na é ela, foi o discurso militante opressor.

É certo que nem todo mundo foi capaz de perceber o estrago que o programa nos revelou em rede nacional, e que, por certo, há as pessoas que enxergam e enxergarão a eliminada tal e qual a uma vilã de novela, mas ela não é, nem vilã, nem heroína, ela só foi responsável por derrubar a máscara dos progressistas quem usam o discurso opressor, fazem os chamados “cancelamentos” e destilam o ódio, para militar sobre as suas bandeiras. A militância não pode e nem precisa ser feita de linchamentos.

A queda da máscara usada pelos chamados militantes progressistas, não é um revanchismo e apenas a constatação de que nenhuma luta se vence com o ódio e os chamados “cancelamentos”, ficou provado que isso não é saudável, não servem e não resolvem as divergências de pensamentos e de opiniões, tudo isso só mostra que já passou da hora do diálogo, de ouvir o outro, de aceitar e respeitar as divergências, caso contrário, viveremos enfrentando essa cultura de linchamentos, de ódios e de “cancelamentos”.


A ditadura do pensamento

setembro 25, 2020

Estamos vivendo tempos tenebrosos, em que a liberdade de expressão e a opinião individual das pessoas vêm sendo duramente controlada e sofrendo constantes processos de censuras e perseguições, ninguém mais tem o direito de expressar a própria opinião e se colocar contra essa ou aquela situação, ou você segue o que uma certa minoria acredita ser o certo, ou você vai ter sérios problemas para se expressar.

O mais engraçado nisso tudo, é que o policiamento do pensamento e da opinião alheia, vem, justamente, de uma parte da sociedade que auto se denomina progressista, de vanguarda, que preza a liberdade e luta pelos direitos comuns do cidadão. É para rir mesmo! Vivem praticando um policiamento ideológico e censurando a opinião e o pensamento alheio, depois discursam em nome da democracia e da liberdade de expressão.

Em que parte desse discurso auto intitulado de progressista, está a liberdade de expressão? A pior e a mais cruel ditadura que existe no mundo, é a ditadura do pensamento, quando o cidadão perde o seu direito de expressar sua opinião e é impedido de tomar suas posições de acordo com o seu pensamento, esse cidadão perdeu de vez a sua liberdade. A independência de pensamento é a maior liberdade de um cidadão.

Em hoje em dia, esse tem sido a grande luta que precisa ser travada, mas que alguns ainda não deram a devida importância, muitos ainda não enxergaram o perigo que estão correndo e, quando se derem conta, já não mais pensarão e nem opinarão por conta própria. A tática de acusar a opinião e o pensamento alheio de ofensivo à liberdade e aos direitos à minoria é uma arma muito competente para quem não está atento.

Quem quer ter seus direitos preservados, precisa antes de tudo, defender a sua liberdade de expressão e o seu direito de expressar a sua opinião, ainda que esta seja diferente e discordante da que pensam esses que estão interessados, apenas, em que seja produzido um pensamento monocórdio no país, em que as liberdades e os direitos estão apenas sobre o domínio de suas vontades. Não retrucar esse discurso é correr o risco de ficar sem voz.

É claro que a batalha não é fácil, às vezes a luta é até desleal, mas a verdade é que, para quem quer ser livre para pensar e emitir suas próprias opiniões, é precisa, antes de tudo, não cair nas armadilhas do discurso desses auto denominados progressistas, que acusam o outro de querer impor seus pensamentos e suas vontades à sociedade, quando estas são as suas reais intenções. Aquele que é livre para pensar e decidir, jamais será prisioneiro de uma ditadura do pensamento.


Carnaval é a festa da alegria

fevereiro 21, 2020

Começa hoje em todo país, aquela que ainda é considerada a maior festa populara brasileira, a festa da alegria, do samba, do frevo, do maracatu, a festa da descontração, mas até quando o Carnaval resistirá ao mau humor do brasileiro atual, à radicalização de movimentos pelas minorias que atacam até mesmo crianças fantasiadas, ou ainda aos ataques dos radicais religiosos que tentam desqualificar a festa momesca?

O Carnaval sempre foi á festa da alegria, a festa preferida do brasileiro, a festa aguardada durante o ano todo para que enfim as pessoas possam vestir suas fantasias e esquecer, pelo menos por quatro dias, os dessabores da vida dura, mas não está nada fácil curtir os quatro dias de folia, já que quase nenhuma fantasia é considerada politicamente correta por alguns movimentos radicais que querem sobrepor sob o povo, suas convicções.

Já não se pode se fantasiar de índio, porque índio não é fantasia, não pode se fantasiar de nega maluca, porque é racismo, não pode se fantasiar de baiana, porque é apropriação indevida da cultura negra, não pode mais homem se vestir de mulher, porque é homofobia, não pode máscara disso, não pode máscara daquilo, não pode nada. O Carnaval está perdendo a luta para uma minoria radical hipócrita e mesquinha.

Como se querer proibir algo no Carnaval se o Carnaval se tornou uma cultura popular, justamente por permitir que se transgredisse da vida normal? Como querer impor o uso de uma fantasia ou de uma máscara, se essa é a graça do Carnaval? É no Carnaval que se pode ser o que se quer, do jeito que se quer! Carnaval é a festa da liberdade, de extravasar a alegria reprimida durante um ano inteiro.

Não pensem que o Carnaval não resistirá aos ataques dessa gente amarga, incapaz de entender que o Carnaval é a festa da farsa, de ser quem você não é, de brincar, dançar, pular e sambar sem ter hora para acabar. Carnaval é cultura popular, suas fantasias e suas canções compõem o seu histórico e ninguém tem o direito de impedir ninguém de cantar as marchinhas que embalaram tantos carnavais e ainda embalarão.

É preciso deixar claro para essa gente mal amada, que não gosta de folia, que não sabe o que é brincar, que não sabe o que é se esquecer dos problemas, que o Carnaval é a festa da perversão, da transgressão, sempre foi assim e sempre será, porque Carnaval é resistência, Carnaval é a cultura que formou um país e não pode ser ameaçado por meia dúzia de gatos pingados, mimados, que querem impor suas vontades.

Que todo mundo seja livre para pular o Carnaval do jeito que bem entender, seja de pirata, de cacique, de palhaço, de baiana, se vestido de mulher, com a fantasia e máscara que quiser, porque a festa do Carnaval é para que cada um seja o que não é, então, solte suas fantasias e caia na folia, porque não há de haver nenhum movimento do politicamente correto que possa impedir o brasileiro de extravasar sua alegria.


A criação em tempos do politicamente correto

abril 7, 2018

Escrever nunca foi uma tarefa fácil e, apesar de todas as dificuldades inerentes à criação de uma história, o escritor, hoje em dia, ainda tem de conviver com a patrulha do politicamente correto. As pessoas criaram um planeta cor de rosa e querem escondê-lo dentro de um vidro para que nenhum sentimento mal e mesquinho os atinja. Ora, mas como se pode combater e denunciar as ideias e os comportamentos de pessoas preconceituosas, se não se pode falar delas?

Toda história conta a vida de uma pessoa e essa pessoa tem virtudes e defeitos como qualquer pessoa que vive no mundo real, mas como colocar uma lente de aumento sobre os defeitos da personagem, se não se pode dar ênfase ao mau-caratismo da personagem? Não dá para falar de qualquer assunto sem abordar todas as suas vertentes, perde-se a verossimilhança, pois não existem somente idéias e pensamentos bons.

É claro que se deve tomar cuidado com a abordagem dos assuntos, mas como falar de racismo sem abordar o racista? Como falar o estupro sem abordar o estuprador? Como falar da corrupção sem abordar o corrupto? Como falar de assédio sem abordar quem pratico o assédio? Como falar de homofobia sem abordar o homofóbico? Quando se quer contar uma história, precisamos desnudar a alma e o pensamento dessas personagens, sem pena, nem dó.

Agora, por conta desse tal “politicamente correto”, tudo se tornou ofensivo, propagador da violência e da falta de direitos humanos, quase nada pode ser falado e escrito, ainda que seja de uma maneira séria, como denúncia e ou demonstração da face obscura das pessoas, porque sempre haverá um grupo ofendido com esta ou com aquela personagem, com esta ou com aquela ação, que acusando o autor de algum preconceito.

Eu, sinceramente, não sei o quê estas pessoas querem da vida, cobram para que sejamos uma sociedade mais respeitosa, que aceite e conviva pacificamente e educadamente com todas as diferenças, mas vivem a patrulhar para que nada manchem o seu mundo cor de rosa. Há pessoas más, que nunca aceitaram certos comportamentos e se os escritores não puderem mostrar através das suas personagens, pessoas assim, como combatê-las?

A verdade é que esse tal de “politicamente correto” tem feito muito mal para a criação, tem podado ideias no seu nascedouro, tem inibido certas histórias, tem criado uma dificuldade ainda maior para quem escreve, mas, a verdade é que não se pode deixar se abater por nenhuma patrulha ideológica, pois as histórias contadas e comportamentos precisam ser denunciados para que se possa saber como enfrentar o inimigo real.


Os olhos isentos da arte

março 9, 2018

Desde a Grécia Antiga que a arte é o instrumento mais eficiente para desnudar a alma do ser humano, sempre foi através dos olhos isentos da arte, que nos foi possível descobrir as injustiças, as falcatruas, os desmandos, os bons e maus comportamentos, os preconceitos, enfim, conhecer por dentro a alma humana e ter a consciência que nunca houve sobre a Terra, nenhuma alma santa, até porque, os santos também já foram homens de pecado.

Sempre coube a arte a árdua tarefa de mostrar nossa verdadeira face, como um espelho refletindo as nossas entranhas e os nossos piores pensamentos sobre a vida, sobre o outro e até sobre nós mesmos. A arte sempre foi feita para abalar as estruturas da sociedade e mostrar o quê alguns olhos cegos não são capazes de enxergar. Mas, parece que a arte praticada hoje em dia, anda meio seletiva, querendo tomar partindo em certas situações.

Como denunciar a homofobia, o preconceito, a injustiça, a traição, a guerra pelo poder, o racismo, se hoje a arte quer emitir um juízo de valor sobre eles? A arte é e sempre foi livre para falar sobre qualquer assunto, cutucar a onça com vara curta, mexer nas feridas abertas, mas como fazer da arte o velho instrumento eficiente que desnuda a alma humana, se a arte não pode falar de certo assunto porque ataca o tal do politicamente correto?

A natureza da arte é ser livre de pensamento e de preconceitos, só assim ela é capaz de falar sem pudor de todo e qualquer assunto que norteia a vida das pessoas, a arte não pode ser usada como panfletagem desta ou daquela ideologia política ou religiosa, ou desta ou daquela visão de mundo. É claro que há de se combater os comportamentos que atacam a individualidade das pessoas, mas não se pode impedir que a arte mostre também o outro lado.

Quando a arte é usada para defender só um lado do problema, ela não reflete o quanto uma sociedade pode estar ou não doente, quando a arte defende apenas um lado, o quê vemos e veremos é sempre uma visão parcial de quem a faz, soa como uma opinião pessoal sobre o assunto e, assim, deixa de cumprir o seu papel de mostrar as duas faces do ser humano, vira maniqueísta, deixando transparecer que um lado é sempre bom e o outro é sempre mal.

Se a arte não tiver um olhar isento sobre qualquer assunto que queira tratar, ela deixa de ser arte e passa ser apenas uma manifestação pessoal que mostra um olhar engessado, preocupado apenas em impor sobre o outro, uma doutrina de visão de mundo que é visto por um único olhar. A arte precisa ser isenta para mostrar às pessoas o mundo tal e qual ele é, para que cada um, com sua visão de mundo, reconhecendo nela, aquilo que lhe faz bem e aquilo que lhe faz mal. Arte é feita para provocar, não para doutrinar.


A arte já não imita a vida

setembro 10, 2012

Ainda tenho na lembrança a primeira vez que ouvi ainda nos bancos escola-res, a seguinte frase: “a arte imita a vida”. Lá se vão longos anos, mas, agora, a arte já não imita mais a vida, não que ela não queira, não faz porque não pode. Retratar a vida e os Seres humanos do jeito que eles são como fizera outrora grandes escritores, passou a ser passível de punição, processo, indenização e sei lá mais o quê.

A sociedade, que aqui nunca foi igualitária, hoje está ainda mais repartida e é formada por minorias sensíveis e melindrosas, que se ofendem por todo e qualquer comentário ou comportamento de um personagem de ficção, como se a vida real, fosse um mar de rosas e vivêssemos em bolhas de vidros, livres de pessoas de caracteres duvidosos que nos possam destratar. Tudo passou a ser ofensivo, pejorativo, humilhante e degradante.

Se a arte sempre imitou a vida, como não conceber personagens de caráter duvidoso, que exalam preconceito por todos os poros? Pessoas que ofendem minorias, que agridem mulheres, violentam crianças, que assaltam, roubam, estupram, elas estão por todos os cantos. Impedir a arte de retratar essa faceta do Ser humano para proteger minorias, agride a essência da arte, que é e sempre foi, a de imitar a vida.

A vida é dura e a realidade é mesmo crua, sangra as nossas entranhas, fere nossa honra, indigna nossa personalidade, mas é essa a vida que se tem pra viver. Pessoas más são pessoas más e, pronto. Elas não têm, ética, ofendem, destratam, humilham, é assim na vida e essa vida precisa ser mostrada, não pode ser objeto de censura, de punição, ou de qualquer outra interpelação e em nome desta ou daquela minoria.

Não é impedindo a arte de mostrar o Ser humano com todas as suas imperfeições, que vamos exterminar os problemas que afligem os Seres humanos repartidos em suas minorias. Não é interpelando judicialmente uma obra literária de Monteiro Lobato, que vamos exterminar o preconceito racial. Não é patrulhando a liberdade de criação de um autor, que vamos exterminar todos os males dessa vida.

A arte, desde a Grécia Antiga, retratou e retrata o comportamento de uma sociedade e nela, habitam seres bons, seres maus, seres sem preconceitos, seres preconceituosos, seres de almas imaculadas e de almas sujas, seres violentos, seres sem escrúpulos. Não existem seres perfeitos, uma hora ou outra, todos nós nos colocamos de maneira preconceituosa sobre algum assunto, isso é fato. O Ser humano não enxerga o seu rabo.

Portanto, deixemos que a arte cumpra o seu papel, que é o de levar ao povo, o retrato de si mesmo, Nem tudo é belo, nem tudo é feio. É apenas a vida! Deixemos que a arte imite a vida e não queiramos que a arte mostre uma vida que não existe. Não precisamos de uma sociedade formada de vítimas, precisamos de uma sociedade que se respeite e lute por justiça, sem cercear o direito de um autor retratar a vida como ela é.