Eu sempre gostei de ajudar as pessoas, mas teve uma vez que eu fui ajudar e acabei me metendo na maior confusão. Só eu, não! O Paulinho e a Joana também, porque as coisas só acontecem quando a gente tá junto. Eu acho que isso tudo é culpa do Paulinho, ele que sempre atrai confusão. Vou contar tudo o quê aconteceu.
Eu tava com o Paulinho na porta da casa dele esperando a Joana sair, porque a gente tinha combinado de encontrar a Talita pra gente ir ao cinema, só que a Joana quis ir a banheiro primeiro. Enquanto a gente esperava, passou uma vózinha cheia de sacolas, não conseguia nem segurar, coitada!
– Olha lá a vózinha, Paulinho, vamos ajudá-la a carregar as sacolas.
Então o Paulinho pegou duas, três e eu também peguei umas duas, assim, a vózinha ficou com apenas uma sacola na mão.
– Não precisa meninos! Eu moro logo ali na esquina! Disse a vózinha.
– A senhora é nova aqui, né não? Perguntou o Paulinho.
– Sou sim! Mudei essa semana. Essas sacolas são porque tive que fazer umas comprinhas, pois não tinha nada em casa.
E nós fomos conversando com a vózinha, ainda ouvimos a Joana chamar quando a gente virou a esquina. Eu fiz um sinal com a mão pra ela esperar,que a gente já voltava.
Chegamos na casa da vózinha, ficava nos fundos da última casa da rua, era pequena, um quarto, uma sala e uma cozinha, tudo bem pequeninho mesmo.
– Obrigada, meninos! Agora vocês vão esperar um pouco que eu vou fazer um suco pra vocês!
– Não precisa! A gente tá indo pr’o cinema. Nossa amiga Joana tá esperando a gente e a gente ainda vai encontrar a nossa outra amiga, a Talita.
– Olha só, Helena, o tamanho da televisão! E tá com o videogame ligado. Posso jogar?
– Não dá Paulinho! A gente tem que ir!
– Só uma partida!
– Isso! Deixa ele jogar. Até eu fazer o suco pra vocês!
– Tá bom! Só uma, hein Paulinho?
O Paulinho se jogou no chão e começar a jogar, a vózinha foi para a cozinha, de repente um barulho.
– Que isso? Ouviu, Paulinho?
Mas o Paulinho, tava grudado naquele futebol do videogame e não escutou nada, mas não demorou e desceu umas cortinas de ferro na janela e umas grades na porta.
– Paulinho, a vózinha prendeu a gente!
– Prendeu nada, Helena.
A vózinha veio, trouxe o suco e logo disse:
– Não fica assustada, não! Isso aí é porque eu moro sozinha e tenho medo que alguém entre na minha casa.
Fiquei mais tranquila, dei uma golada no suco e chamei logo o Paulinho:
– Toma logo esse suco e vamos, vai?
– Tá acabando, Helena, tá acabando!
O Paulinho lá, sem tirar os olhos da televisão, então eu fui até o quarto pra falar com a vózinha. Quando cheguei na porta do quarto, tomei um susto, a vózinha não era, vózinha! Ela tirou a máscara e aí eu vi que era uma mulher nova, com cabelo preto, cumprido, tava falando no telefone:
– Peguei dois… É… uma menina branquinha… Bonitinha, mas fala demais… É… E um menino pretinho. Vou querer uma comissão gorda desta vez, hein?
Saí correndo, desliguei o videogame do Paulinho e tentei abrir a porta.
– Ajuda, Paulinho, a gente tem de sair daqui! A vózinha, não é vózinha! Avisa a Joana pra chamar a polícia.
– Calma, Helena! Você às vezes tem uns chiliques maiores do que a minha prima.
– Não é chilique, vem ver!
Peguei o Paulinho pela mão e levei ele até a porta do quarto da vózinha que não era vózinha. Ela ainda tava falando no telefone.
– Ok… Agora deixa eu voltar pra sala… E vê se não demora, não vou conseguir prender esses meninos por muito tempo….
O Paulinho conseguiu pegar a chave que tava do lado de dentro da porta e trancou a mulher dentro do quarto.
– Boa, Paulinho! Agora a gente precisa pedir ajuda para Joana.
Enquanto eu passava mensagem para a Joana, o Paulinho tentava encontrar onde ficava o controle que fechou a porta e a janela. A mulher batia e batia na porta tentando sair e gritava! Aquele dia eu fiquei realmente apavorada, pois a gente não conseguia sair. De repente, a mulher conseguiu sair do quarto. Eu tremi, o Paulinho tremeu.
– Eu não gostei nada disso que vocês fizeram.
– Foi o vento que travou a porta. Disse o Paulinho.
– Isso, foi o vento.
– Agora vocês vão ver só!
A mulher pegou uma corda, me colocou de costas para o Paulinho e amarrou a gente, depois colocou um pano amarrando nas nossas bocas e fez uma ligação no celular dela.
– Aconteceu um imprevisto… É… Eles descobriram o meu disfarce…
Enquanto ela falava no celular, o Paulinho conseguiu gravar tudo e mandar pra Joana. Foi a nossa sorte, porque senão, não sei o que seria da gente. A Joana conseguiu avisar a polícia, que invadiu a casa e soltou a gente. Um alívio! E a vovó disfarçada? Foi presa na hora pela polícia e entregou toda quadrilha que roubava crianças para vender.
Olha só o susto que a gente passou! Às vezes a gente quer ajudar, mas acaba se dando mal! Só que não é por causa disso que eu vou parar te ajudar às pessoas, não! A gente precisa se ajudar sempre! Já pensou se a Joana não quisesse me ajudar? O que seria de mim e do Paulinho? Eu ajudo mesmo! Minha mãe até brigou comigo, mas eu ó, nem liguei. Ajudo mesmo!
E o mais legal disso tudo, é que eu e o Paulinho ficamos famosos. No outro dia, a gente tava dando entrevista pra tudo que era televisão. Quando cheguei na escola, tinha um monte de gente que queria meu autógrafo. Achei o máximo!