A vovó disfarçada

agosto 16, 2019

Eu sempre gostei de ajudar as pessoas, mas teve uma vez que eu fui ajudar e acabei me metendo na maior confusão. Só eu, não! O Paulinho e a Joana também, porque as coisas só acontecem quando a gente tá junto. Eu acho que isso tudo é culpa do Paulinho, ele que sempre atrai confusão. Vou contar tudo o quê aconteceu.

Eu tava com o Paulinho na porta da casa dele esperando a Joana sair, porque a gente tinha combinado de encontrar a Talita pra gente ir ao cinema, só que a Joana quis ir a banheiro primeiro. Enquanto a gente esperava, passou uma vózinha cheia de sacolas, não conseguia nem segurar, coitada!

– Olha lá a vózinha, Paulinho, vamos ajudá-la a carregar as sacolas.

Então o Paulinho pegou duas, três e eu também peguei umas duas, assim, a vózinha ficou com apenas uma sacola na mão.

– Não precisa meninos! Eu moro logo ali na esquina! Disse a vózinha.

– A senhora é nova aqui, né não? Perguntou o Paulinho.

– Sou sim! Mudei essa semana. Essas sacolas são porque tive que fazer umas comprinhas, pois não tinha nada em casa.

E nós fomos conversando com a vózinha, ainda ouvimos a Joana chamar quando a gente virou a esquina. Eu fiz um sinal com a mão pra ela esperar,que a gente já voltava.

Chegamos na casa da vózinha, ficava nos fundos da última casa da rua, era pequena, um quarto, uma sala e uma cozinha, tudo bem pequeninho mesmo.

– Obrigada, meninos! Agora vocês vão esperar um pouco que eu vou fazer um suco pra vocês!

– Não precisa! A gente tá indo pr’o cinema. Nossa amiga Joana tá esperando a gente e a gente ainda vai encontrar a nossa outra amiga, a Talita.

– Olha só, Helena, o tamanho da televisão! E tá com o videogame ligado. Posso jogar?

– Não dá Paulinho! A gente tem que ir!

– Só uma partida!

– Isso! Deixa ele jogar. Até eu fazer o suco pra vocês!

– Tá bom! Só uma, hein Paulinho?

O Paulinho se jogou no chão e começar a jogar, a vózinha foi para a cozinha, de repente um barulho.

– Que isso? Ouviu, Paulinho?

Mas o Paulinho, tava grudado naquele futebol do videogame e não escutou nada, mas não demorou e desceu umas cortinas de ferro na janela e umas grades na porta.

– Paulinho, a vózinha prendeu a gente!

– Prendeu nada, Helena.

A vózinha veio, trouxe o suco e logo disse:

– Não fica assustada, não! Isso aí é porque eu moro sozinha e tenho medo que alguém entre na minha casa.

Fiquei mais tranquila, dei uma golada no suco e chamei logo o Paulinho:

– Toma logo esse suco e vamos, vai?

– Tá acabando, Helena, tá acabando!

O Paulinho lá, sem tirar os olhos da televisão, então eu fui até o quarto pra falar com a vózinha. Quando cheguei na porta do quarto, tomei um susto, a vózinha não era, vózinha! Ela tirou a máscara  e aí eu vi que era uma mulher nova, com cabelo preto, cumprido, tava falando no telefone:

– Peguei dois… É… uma menina branquinha… Bonitinha, mas fala demais… É… E um menino pretinho. Vou querer uma comissão gorda desta vez, hein?

Saí correndo, desliguei o videogame do Paulinho e tentei abrir a porta.

– Ajuda, Paulinho, a gente tem de sair daqui! A vózinha, não é vózinha! Avisa a Joana pra chamar a polícia.

– Calma, Helena! Você às vezes tem uns chiliques maiores do que a minha prima.

– Não é chilique, vem ver!

Peguei o Paulinho pela mão e levei ele até a porta do quarto da vózinha que não era vózinha. Ela ainda tava falando no telefone.

– Ok… Agora deixa eu voltar pra sala… E vê se não demora, não vou conseguir prender esses meninos por muito tempo….

O Paulinho conseguiu pegar a chave que tava do lado de dentro da porta e trancou a mulher dentro do quarto.

– Boa, Paulinho! Agora a gente precisa pedir ajuda para Joana.

Enquanto eu passava mensagem para a Joana, o Paulinho tentava encontrar onde ficava o controle que fechou a porta e a janela. A mulher batia e batia na porta tentando sair e gritava! Aquele dia eu fiquei realmente apavorada, pois a gente não conseguia sair. De repente, a mulher conseguiu sair do quarto. Eu tremi, o Paulinho tremeu.

– Eu não gostei nada disso que vocês fizeram.

– Foi o vento que travou a porta. Disse o Paulinho.

– Isso, foi o vento.

– Agora vocês vão ver só!

A mulher pegou uma corda, me colocou de costas para o Paulinho e amarrou a gente, depois colocou um pano amarrando nas nossas bocas e fez uma ligação no celular dela.

– Aconteceu um imprevisto… É… Eles descobriram o meu disfarce…

Enquanto ela falava no celular, o Paulinho conseguiu gravar tudo e mandar pra Joana. Foi a nossa sorte, porque senão, não sei o que seria da gente. A Joana conseguiu avisar a polícia, que invadiu a casa e soltou a gente. Um alívio! E a vovó disfarçada? Foi presa na hora pela polícia e entregou toda quadrilha que roubava crianças para vender.

Olha só o susto que a gente passou! Às vezes a gente quer ajudar, mas acaba se dando mal! Só que não é por causa disso que eu vou parar te ajudar às pessoas, não! A gente precisa se ajudar sempre! Já pensou se a Joana não quisesse me ajudar? O que seria de mim e do Paulinho? Eu ajudo mesmo! Minha mãe até brigou comigo, mas eu ó, nem liguei. Ajudo mesmo!

E o mais legal disso tudo, é que eu e o Paulinho ficamos famosos. No outro dia, a gente tava dando entrevista pra tudo que era televisão. Quando cheguei na escola, tinha um monte de gente que queria meu autógrafo. Achei o máximo!


João e os boletos

abril 12, 2019

João está na idade dos porquês e tudo quer saber, seu pai, atrapalhado com os seus afazeres e correndo sempre atrás de dinheiro para pagar os boletos das contas que chegam todos os dias, nunca tem tempo de responder às perguntas de João.

Outro dia, seu pai, estava muito estressado procurando sua agenda com as contas a pagar.

– João, você viu a minha agenda com os boletos?

– Pai, o que é agenda?

– Aquele livro que tem datas

– E que é boleto?

– Você viu, ou não viu?

– A agenda ou o boleto?

Irritado com as perguntas que João lhe fazia sem parar, seu pai, lhe deu uma enorme bronca.

– João, não me enche que eu estou cheio de boletos para pagar. Vá para o seu quarto, agora!

Triste com a bronca de seu pai, João foi para o seu quarto e se enfiou dentro de seu baú de brinquedos. Depois de tanto chorar, João acabou adormecendo e, quando acordou, se viu em um lugar diferente.

– Dá licença! Dá licença que eu preciso trabalhar

– Ei, não fique aí parado, não. Senão…

– Senão o quê?

– Senão o seu Boleto chega e você vai estar perdido.

João não acreditava no que estava ouvindo, se não bastasse seu pai reclamando, agora todos estão reclamando.

– Preciso resolver isso de alguma maneira.

João percorreu aquele País inteiro e todo mundo que ele encontrava estava atrapalhado com as contas correndo atrás de pagar os seus boletos.

– Que País é esse? Será que meu pai vem aqui todo dia? Porque toda vez que ele chega em nossa casa, não quer nem brincar e nem responder as minhas perguntas. Só fala: Tenho que pagar o boleto! Tenho que pagar o boleto!

João perguntava onde podia encontrar esse tal de boleto, mas ninguém sabia ao certo. Desiludido por não conseguir encontrar o tal boleto, João resolveu procurar o caminho de casa, foi quando, de repente, tropeçou em uma agenda cheia de papel, um em cada dia.

– O que será isso? Será que é isso que o meu pai estava procurando?

De repente os boletos saem de dentro da agenda e começam a circular João. João fica preso em círculo formado por boletos.

– Conta de água!

– Conta de luz!

– Conta de Telefone!

– Escola!

– Mercado!

– Farmácia!

João ficou nervoso!

– Chega! Eu odeio vocês! É por causa de vocês que meu pai não quer saber de brincar comigo e nem de responder as minhas perguntas.

– Tem que pagar!

– Tem que pagar!

– Tem que pagar!

– Tem que pagar!

– Tem que pagar!

– Tem que pagar!

João então pegou um por um e rasgou cada boleto em pequenos pedacinhos, juntou tudo e, com um ar de herói, seguiu firme para encontrar o caminho de casa. Tinha certeza que daquele dia em diante, seu pai teria tempo para brincar com ele e responder suas perguntas.

Não demorou muito o seu pai entrou do quarto, havia se arrependido da bronca que dera em João.

– João, desculpe meu filho. Cadê você?

João saiu de dentro de seu baú com a agenda e os boletos todos bem picadinhos.

– Pronto, pai! Esses boletos não vão mais atrapalhar você. Rasguei todos eles!

Seu pai contou até dez, dez vezes para não comentar uma insensatez e colocou João em seu colo e lhe explicou.

– João, de nada adianta rasgar os boletos, todos os meses eles chegam.

– Como assim pai? Como eles vão nascer de novo de rasquei tudinho?

– Tudo que a gente gasta, tem um boleto pra gente pagar. Quanto mais a gente gasta, mais boleto a gente tem.

– E isso é pra sempre?

– É, filho! Quando você crescer, você também vai ter os seus boletos para pagar.

– Não vou nada!

– Vai sim, meu filho! Não tem jeito!

– Eu vou resolver isso de uma vez.

João entrou de novo dentro do baú, decidido a acabar com todos os boletos, mas, sem nada encontrar, João chorou, chorou e acabou pegando no sono, então seu pai o pegou, o colocou na cama, apagou a luz do quarto e saiu para tentar colar os pedacinhos dos boletos que João picou.


Uma aventura dentro do livro

outubro 19, 2018

Oi, gente, tenho uma aventura muito incrível para contar, vocês não vão nem acreditar! O Paulinho até virou um herói e eu e a Joana ganhamos uma medalha de coragem. Mas o pior é que vocês nem imaginam aonde aconteceu essa aventura. Num livro! Isso mesmo, dentro de um livro. Eu vou contar como foi.

Eu e a Joana tínhamos de lermos um livro para depois fazer uma prova sobre ele, então fomos até uma biblioteca para procurar um livro bem legal, e procura daqui, procura dali, começa a ler um e desiste e começa outro e desiste, de repente, surgiu uma menina vestida de princesa, vinda lá do fundo da biblioteca, parecia que estava fugindo de alguma coisa. Parou quando viu a gente.

– Vocês precisam me ajudar!

Ela nem conseguia falar direito de tão cansada que ela estava.

– Me ajudem!

A Joana foi e pegou um copo de água pra ela, que bebeu de uma vez só.

– Agora, calma. O que foi que aconteceu.

– O Dragão!

Eu olhei para Joana, a Joana olhou pra mim, a gente olhou para o fundo da biblioteca e fizemos cara de espanto.

– A Bruxa!

– Que bruxa!

– Será que ela tá falando da bruxa do fim da rua, Helena?

– Vocês precisam me ajudar. A bruxa transformou o meu príncipe em Dragão!

Eu olhei para Joana, a Joana olhou pra mim, a gente olhou para o fundo da biblioteca e fizemos cara de espanto.

– Oi, Helena! Oi, Joana! Quem é a princesa?

– Prazer, eu sou a princesa Dorotéia!

– Ih, a menina é princesa mesmo! Prazer, Paulinho.

– Você pode me ajudar?

– Já é!

O Paulinho já ficou todo caído pela menina que falou que era uma princesa, que a bruxa tinha transformado o príncipe dela em um dragão. Senti cheiro de aventura no ar.

– Tudo bem, vamos ajudar você!

– Vamos, Helena?

– Eu estou dentro!

– Então venham comigo!

Foi aí que começou a nossa aventura de verdade. Vocês não acreditam? A menina princesa pulou dentro de um livro e sumiu.

– Ih, cadê a princesa, gente?

– Helena, não estou gostando disso!

De repente a menina acenava pra gente de dentro do livro. E fui e coloquei a mão na folha que ela estava e ela me puxou pra dentro do livro. E depois puxou a Joana e o Paulinho. Incrível, a gente tava dentro do livro.

Quando a gente olhou para trás, um Dragão enorme estava observando a gente. A Joana, já começou a chorar como sempre.

– Calma, ele não vai fazer nada! Ele é meu príncipe, a bruxa fez um feitiço porque ele não quis casar com ela e ficou comigo. Só que a gente não sabe como fazer para quebrar o feitiço.

– Sinistro, hein, Helena?

– Meu pai, o Rei Helenus está disposto a dar uma boa quantia em ouro para quem conseguir livrar o meu príncipe do feitiço.

– Aí já gostei!

– Como a gente sai daqui? Eu quero ir embora, Helena!

– Espera, Joana. Já que a gente está aqui, vamos ajudar a princesa.

Mas como a gente ia fazer isso? Ninguém de nós era bruxa, ou coisa parecida. Enquanto a gente conversava, apareceu uma mulher tão bonita, mais tão bonita, que a gente parou para olhar.

– Quem são vocês?

– Eles estão comigo!

Ai, puft, um monte de fumaça e quando a fumaça acabou, não tinha mais uma mulher bonita e sim, uma bruxa,feia, mas muito feia.

– Eu falei para você sair deste reino para sempre!

– Eu não vou sair daqui!

– Escuta, dona bruxa!

– Você cala boca! Gritou a bruxa pra mim.

Aí eu fiquei nervosa. Minha mãe disse que ninguém pode mandar ninguém calar a boca. Fui e dei um chute na canela da bruxa! Pra quê!

– Ninguém fala comigo assim!

A bruxa apontou o dedo pra mim para jogar um feitiço, foi quando o Paulinho empurrou a bruxa que caiu e bateu a cabeça na pedra. E o melhor, o raio que ela apontava pra mim, caiu bem no meio do Dragão, quebrando o feitiço e trazendo de volta o príncipe da Dorotéia.

– Você está livre!

Eu e a Helena, pegamos a bruxa e jogamos ela para fora do livro e depois saímos do livro e colocamos a bruxa em um outro livro. Um livro qualquer. Acho que era um livro de matemática. Só que a gente saiu do livro e não sabia em quem livro a gente estava para poder voltar.

– E agora, Joana, como a gente volta para o livro?

– Eu não quero voltar pra livro nenhum.

Foi aí que surgiu, o príncipe e a princesa, trazendo o Paulinho com um monte de moedas douradas e uma medalha no peito.

– Olha só, meninas, virei herói e ganhei a recompensa!

Fiquei com muita raiva, pois foi por minha causa que tudo deu certo. Só que o príncipe tinha uma surpresa. Ele veio até mim e colocou uma medalha no meu peito e uma medalha no peito da Joana.

– Uma medalha para cada uma das meninas corajosas que me salvaram!

E foi assim que eu e a Joana arrumamos uma aventura super especial para contar na nossa prova da escola.

– FIM –


A Cobra de Fogo

setembro 15, 2017

Hoje eu vou contar para vocês o maior susto que levei na minha vida. Juro! Foi um susto tão grande que até pensei que fosse morrer. Vocês não acreditam? Mas é verdade! A Joana e o Paulinho podem confirmar tudinho! É, eles também quase morreram de susto. Foi uma aventura assustadora. Vou contar:

Teve um feriado bem grande, acho que era feriado da Independência, não, acho que era da República. Eu sempre me confundo com esses dias! Mas, sei lá, foi um feriado bem grande, então, meus pais resolveram visitar os parentes lá do interior, para eu não ir sozinho, pedi para minha mãe deixar a Joana e o Paulinho ir junto com a gente. Ela deixou.

Eu não queria ficar sozinha brincando com os primos João e Antônio, eles sempre arrumavam um jeito de me levar pra mata e me dar um susto. Dessa vez, a Joana e o Paulinho podiam me ajudar. Quem sabe a gente não conseguia dar um susto neles? Que nada! Acabou todo mundo levando o maior susto!

Chegamos e eu tive que passar por toda aquela encheção de novo: Veio o tio e puxou a minha bochecha e disse: “Que menina mais linda!”, a tia veio e disse: “Como cresceu essa menina!”. Mas já nem me importei como isso. Ainda bem que dessa vez os primos estavam na sala e chamaram a gente logo para ir lá pro quintal.

O Antonio e o João levaram a gente, primeiro para dar comida para as galinhas e depois pro Chicão. Nossa! O porco ainda mais gordo. Parecia que ia explodir!

– Ô, Antonio, esse porco vai explodir!

– Vai nada, Helena!

– Aqui tem rio? Disse o Paulinho.

– Tem sim! Respondeu o João!

– Você não me falou que tinha tanto mosquito aqui, Helena! E é fedido!

– Mas sua amiga é fresquinha, hein Helena?

– É nada, Antônio! É que ela tem medo de tudo.

– Inton vai morrê aqui! Começou a rir o primo João.

Não demorou muito tava todo mundo rindo da Joana, que ficou emburrada e saiu em direção à mata.

– Não! Ela não pode ir naquela direção! Disse o primo Antônio!

– Joana! Volta aqui, Joana! Era brincadeira!

– Inda mais agora que já anoitecendo.

O Paulinho saiu correndo em direção à mata atrás da Joana. Os primos pediram para eu esperar que eles iam buscar umas coisas, se caso a gente demorasse pra voltar. Trouxeram uma mochila com água e umas lanternas. A noite caiu de repente. Tudo ficou escuro. Não tinha estrela, nem lua no céu.

Os primos foram na frente e eu fui atrás deles, já não tinha mais nenhum sinal da Joana e do Paulinho. Os primos acenderam as lanternas e a gente foi caminhando, caminhando.

– Joana! Paulinho!

Era um silêncio só, nem bicho tava fazendo barulho. Os primos se olharam e vi que eles estavam morrendo de medo. Então fiquei apavorada. Se os primos estão como medo, o quê será que tem dentro daquela mata?

A gente foi entrando, ate que os primos iluminaram um lugar. Deu pra ver a  Joana sentada em um tronco de árvore conversando com o Paulinho. Vocês acreditam que ela ainda estava chorando? É, mas a gente não devia ter rido dela. Não eu! Ela é minha melhor amiga. Então fui correndo na direção dela, sentei no tronco do lado dela e pedi desculpa. Os primos começaram a provocar a Joana e eu logo dei uma bronca.

– Chega com essa brincadeira! Já achamos a Joana agora vamos voltar.

Aí é que começou a aventura que eu nem esperava viver naquela noite. Para começar, as pilhas das lanternas dos primos, acabaram. Ficou tudo uma escuridão. Só dava para ver os olhos da gente. A Joana logo se sentiu culpada.

Mas, eu não podia deixar ela se sentindo culpada, afinal foi a gente que começou.

O Paulinho teve ideia de usar a lanterna do celular dele. Também só durou até os primos conseguirem arranjar uns galhos para fazer uma fogueira. Foi só acender a fogueira que a bateria do celular do Paulinho acabou.

– Agora com a fumaça, os pai acha a gente. Disse o primo Antônio.

Então a gente se sentou em volta da fogueira, porque já tava ficando muito frio, foi aí que, de repente, aquele tronco que a Joana e o Paulinho tavam sentado, começou a se mexer, foi ficando transparente, com uma iluminação maior que a luz da fogueira.

– Nossa senhora! É o Boitatá! Gritou o primo Antonio.

– Não olha! Não olha! Não olha senão vocês vão ficá cego! Disse o primo João.

Era uma cobra de fogo! Ela parecia que tava bem zangada. Todo mundo ficou com os olhos fechados e parados.

– Mas se ela vier atacar a gente? Disse a Joana morrendo de medo.

– Se tiver um facão aí, me dá, que pico essa cobra em mil pedaços. Disse o Paulinho.

Como a gente ia sair dali? A gente não podia olhar senão ficava cego. Foi aí que eu me lembrei da aula do Folclore. O Boitatá é uma cobra de fogo que protege a floresta e ataca quem tenta colocar fogo na mata. Mas, é uma lenda. Não podia ser real. Só que era, e tava ali, na nossa frente. Iluminando a mata. Foi então que eu gritei:

– Vamos apagar a fogueira! O Boitatá pensa que a gente tá colocando fogo na mata. Por isso quer atacar a gente!

Mas, como a gente ia apagar aquela fogueira? Aquela cobra ia acabar pegando a gente. Não tinha jeito! De repente só escutei um barulho de água e a fogueira apagando. Os meninos fizeram xixi em cima da fogueira e apagaram o fogo.

– Podem abrir os olhos, meninas! Acabou  fogo! Disse o Paulinho

Aquilo só podia mesmo ter sido ideia do Paulinho. Quando a gente abriu os olhos, não tinha mais nada, nem fogueira, nem Boitatá, só a escuridão e os nossos olhos brilhando. Foi um susto tão grande que quando tudo acabou, eu e a Joana caímos no chão.

Só me lembro da gente acordando no quarto no dia seguinte em que a gente chegou à casa dos tios. Mas, vocês não fiquem pensando que foi tudo um sonho meu, não! Foi tudo de verdade, viu? Podem perguntar pra Joana e pro Paulinho que eles vão confirmar tudinho!


A máquina do tempo

julho 7, 2017

Essa é mais uma aventura daquelas, vocês nem vão acreditar! Aposto que ainda vai ter um monte de gente que vai achar que eu estou mentido, só que a Joana e o Paulinho podem confirmar tudinho pra vocês. Foi assim ó:

Teve um fim de semana que eu, a Joana e o Paulinho fomos visitar o avô da Joana, seu Nestor, ele é muito legal, está sempre inventando uma porção de coisas esquisitas, parece até um cientista. Na casa dele tem um chuveiro que desliga sozinho quando a gente sai para se secar, tem um vaso que rega as plantas, sozinho, quando a gente vai lá na casa dele é sempre a maior diversão.

Só que naquele dia, a gente viveu uma aventura de verdade! O seu Nestor estava montado uma máquina esquisita, era uma geladeira vazia por dentro, não tinha nem prateleiras, tinha uma porta de vidro e dentro da geladeira tinha uns botões igual aos de um elevador, Seu Nestor entrava e saía, digitava os botões, saía, depois entrava de novo. E a gente ali, na maior curiosidade.

– Vô, que é isso?

– Uma máquina do tempo, Joana!

– Não acredito!

– Verdade?

Seu Nestor entrou na geladeira e começou a digitar novamente os botões.

– Vocês querem viajar comigo?

– E não é perigoso, vô?

– Deixa de ser medrosa, Joana!

– Eu quero! Vai ser a maior aventura.

Todo mundo entrou naquela geladeira, tava tão apertado que nem dava para respirar direito.

– Tá apertado aqui!

– Não pisa no meu pé, Paulinho!

– Estão todos preparados?

Então, seu Nestor digitou novamente os botões e, de repente, começou acender e apagar a luz de dentro da geladeira, fazer um barulho, muita fumaça e puft. Quando a gente abriu a geladeira, não estava mais na casa do avô da Joana.

– Onde a gente ta, vô?

– Se meus cálculos deram certo, estamos no passado, minha filha! No passado!

– Não acredito!

É, a gente devia estar mesmo no passado, pois tinha um monte de gente vestida com umas roupas engraçadas. Vocês não acreditam, a gente tinha mesmo viajado para passado. Fomos parar no ano de mil, novecentos e sessenta. Eu vi a data em algum lugar, não lembro agora aonde foi.

– Agora chegou a hora de acertar as contas com você, Rubão!

– Quem é esse Rubão, vô?

– A pessoa que roubou meu invento e não deixou que eu me tornasse um grande cientista.

– Não acredito!

– Agora vamos! Precisamos chegar ao laboratório antes que ele pegue o meu invento e me passe para trás.

Saímos correndo pelas ruas que estavam vazias, parecia até feriado de tão pouco carro que a gente via. Corremos, coremos e chegamos a uma escola. Devia ser a escola que o avô da Joana estudava. Agora era só achar o laboratório. Foi aí que a gente viu o avô da Joana mais novo, conversando com a avó da Joana mais nova. Seu Nestor ficou paralisado. A gente chamava e ele não ouvia.

Então, eu olhei para o Paulinho, que o olhou para Joana e, código decifrado, achar o laboratório e ajudar o seu Nestor, agora era tarefa nossa. A gente se separou, eu e a Joana fomos por um lado e o Paulinho foi para o outro. Andamos por toda aquela escola, que era grande, viu? Até que encontramos uma sala. Quando entramos, era o auditório onde seriam apresentadas às experiências e não deixaram mais a gente sair. Agora era torcer para que o Paulinho tenha conseguido.

Não demorou muito, subiu no palco uma mulher, com a roupa da minha avó, com os óculos na minha avó, eu e a Joana começamos a dar risada, rimos tão alto que a mulher até brigou com a gente como fosse a nossa diretora e mandou a gente ficar quieta. Nisso, chega o Paulinho e se senta do nosso lado.

– Pronto, já resolvi o problema.

– O que você fez, hein, Paulinho?

– Não vai prejudicar o meu avô, né?

– Espera que vocês vão ver.

Começou a demonstração das invenções, umas bem legais, outras, um fracasso. Aí a mulher chamou o Rubens para fazer a apresentação de seu projeto, bem na hora que o avô da Joana entrou na sala. Quando o Rubens foi ligar um botão, tudo explodiu e a cara dele ficou toda preta. Olhamos para o Paulinho e demos a maior risada. Seu Nestor ficou contente.

– Vamos crianças, temos que voltar, o tempo está acabando. Agora que a invenção do Rubão deu errada, posso voltar tranquilo.

– Eu preciso ir ao banheiro, encontro vocês na geladeira.

– Não vai demorar, hein Helena?

– É rapidinho!

– Só temos dez minutos, se não voltarmos, ficaremos presos aqui no passado para sempre.

Mas eu ainda tinha uma última coisa para fazer, o seu Nestor precisava ser um cientista famoso. Ele iria ficar bem feliz da vida. Então, tive uma ideia, escrevi uma carta com a data em que o seu Nestor iria inventar a máquina do tempo no futuro e entreguei no correio para ser enviada para uma rede de televisão. Tinha certeza que isso daria certo. Vi isso num filme.

E quase não deu tempo para eu chegar, a Joana me puxou para dentro da máquina do tempo bem na hora que o seu Nestor já apertava os botões programando a nossa volta. De repente, começou acender e apagar a luz de dentro da geladeira, fazer um barulho, muita fumaça e puft. Quando a gente abriu a geladeira, estava de novo na casa do avô da Joana.

Quando a gente saiu, tinha um monte de jornalista, um monte de rede de televisão esperando o seu Nestor. Todos queriam uma entrevista com o grande inventor que tinha acabado de inventar a máquina do tempo. A Joana olhou pra mim, o Paulinho olhou pra mim e o seu Nestor saiu feliz da vida em direção aos repórteres.

– O que você fez, hein Helena?

– Eu só dei uma forcinha!

E foi assim que o avô da Joana se tornou um grande cientista famoso, como ele sempre quis.


Viagem ao centro da Terra

outubro 28, 2016

Oi, pessoal! Hoje eu tenho uma aventura demais pra contar pra vocês. E, presta atenção ó! Não é mentira minha, não, viu? Aconteceu de verdade. A Joana está até de prova, porque ela estava junto comigo o tempo todo. Foi assim…

Sabe o seu Zé? É, aquele que é dono da farmácia e tem um terreno vazio bem do lado da farmácia dele? Eu e a Joana estamos sempre lá. Seu Zé fez um espaço bem legal para leitura embaixo das árvores e a gente pode ficar por lá, sossegada, que ninguém vai lá pra encher a nossa paciência.

Depois daquela vez que eu, a Joana, o Paulinho e a Thalita estávamos fazendo um acampamento lá no terreno e apareceu uns meninos por lá e deu aquela confusão, seu Zé tratou de fazer um muro bem alto e colocou um portão de ferro com cadeado, só entra se ele abrir.

Então, teve uma vez que eu e a Joana estávamos lá no terreno do seu Zé da farmácia, embaixo da árvore, lendo os nossos livros, sossegadas… A Joana levou até o Ted junto. Ele gosta de ficar correndo por lá e a Joana sabe que não tem nenhum perigo do Ted sair de lá de dentro quando se fecha o portão.

Só que naquele dia, o Ted estava muito chato.

– Pô, Joana, fala pro Ted parar de latir. Não consigo ler meu livro!

– Ele tá feliz, Helena!

– Tá é irritante, isso sim!

– Daqui a pouco ele para.

E nada do Ted parar. Ele corria pra lá, pra cá, latia, latia, latia sem parar. Ia até o fundo do terreno, cheira o muro do fundo, latia, latia e voltava para Joana.

– Assim não vai dá, Joana!

– Deve ter alguma coisa lá.

– Que coisa?

– Não sei!

A gente então deixou os nossos livros no chão e fomos atrás do Ted lá no muro do fundo. A gente olhava e não tinha nada só um monte de folhas que tinham caído da árvore e seu Zé encostou no canto do muro.

– Olha aí, não tem nada!

– Que foi, Ted?

O Ted olhava pra Joana, latia, olhava para o monte de folha e latia.

– Tem alguma coisa aí nesse monte, Helena!

E não é que tinha! A gente começou a tirar as folhas e, de repente, surgiu um buraco enorme, não deu tempo nem da gente se segurar, começamos a cair dentro do buraco. Só que o buraco não tinha fundo. A gente foi caindo, caindo, caindo, já nem dava mais para escutar o Ted latir. Parecia que a gente tinha entrado num túnel. De repente, a gente caiu. Eu de um lado e a Joana do outro.

Quando a gente se levantou, tinha um menino japonês olhando pra gente. Ele falava uma língua engraçada, apontava pra gente, e dava risada.

– Aonde a gente foi parar, Joana?

– Sei lá, Joana!

– Será que a gente foi parar no Japão?

– Serão que aquele buraco era…

Pronto! A Joana desmaiou. Eu fiquei ali, com aquele japonês me olhando e dando risada e a Joana desmaiada no chão.

De repete caiu do lado da Joana, uma menina da cor do Paulinho, de cabelos de molinhas, que também não falava nada que eu entendia.

– Acorda, Joana! Acorda!

A Joana abriu os olhos.

– Acorda, Joana. Acho que a gente caiu no centro da Terra!

Aquele buraco só podia ter levado a gente até o centro da Terra. O lugar exato onde todos os continentes se encontram. Tinha o japonês, tinha a africana, tinha a gente, que somos da América…

– Meu Deus! Que incrível!

– E agora, Helena, como a gente vai sair daqui?

– Sei lá!

Eu até tentei falar com outros dois, mas não adiantava perguntar, ninguém falava a nossa língua e nem nós as deles. O Japonês só dava risada, a africana, ficava cantando e dançando e a Joana cada vez mais desesperada. Aí eu comecei a ficar também! Como a gente ia voltar para casa?

A gente achou uma árvore e se sentou. A Joana, daquele jeito… Mas, a gente precisava pensar em alguma coisa. Foi aí que eu senti um negócio cutucando a minha cabeça.

– Uma corda! Olha, Joana, uma corda!

Não perdemos tempo! Eu e a Joana amarramos aquela corda nas nossas barrigas e de repente, a gente começou a subir, subir, subir… A gente já olhava pra baixo e não via, nem o japonês e nem a africana. Tudo foi ficando bem escuro.

– Olha, Helena, escuta!

– É o Ted!! Ted!… Ted!…

Não demorou muito, a gente começou ver de novo a luz e a ouvir o Ted latir, bem alto e sem parar. Seu Zé puxou a gente para fora do buraco.

– Obrigado, seu Zé!

– Achei que não ia voltar nunca mais!

A Joana correu logo para abraçar o Ted e eu dei um abraço bem forte no seu Zé. Nunca foi tão bom ouvir o Ted latindo de novo. Pensei que nunca mais ia voltar para minha casa.

Só que seu Zé pediu pra gente guardar segredo. Ele não queria que todo mundo ficasse sabendo que dentro do terreno dele, ficava a passagem que levava a gente para o centro da Terra.

Eu fechei a minha boca e não contei isso pra ninguém! Vê se vocês não vão espalhar isso por aí, hein? É segredo!


O Gênio da lâmpada

julho 22, 2016

Gente, essa história eu tinha que contar pra vocês. Uma história que nem aquelas dos livros, e de verdade! Eu sei que tem gente que vai achar que foi tudo mentira, mas eu juro que aconteceu tudo isso mesmo. Assim, do jeito que eu vou contar pra vocês.

Na semana passada, eu, a Joana, o Paulinho e Talita, fomos da praia com a mãe da Joana. Uma praia um pouco longe de casa, nem tinha muita gente por lá. O Paulinho como sempre, chutava aquela bola dela sobre os nossos castelinhos de areia.

– Você é muito chato, Paulinho! Falou a Talita

– Deixa a gente, vai Paulinho. Disse a Joana

A Talita, que é esquentada, jogou logo um monte de areia no Paulinho quanto ele desmanchou o castelinho que ela estava fazendo. Eu e a Joana que tivemos que separar, senão eles iam brigar de verdade.

Talita, com raiva, foi sentar lá na beira d’água, tava com uma tromba desse tamanho. O Paulinho foi pra a água levando a sua bola. Também depois da bronca que a mãe da Joana deu em todo mundo, cada um quis ficar quieto no seu canto.

– Vem brincar com a gente, Talita! Disse a Joana

– Deixa, Joana, se ela não quer vir, deixa ela lá!

– A Talita é muito esquentada.

– E o Paulinho também só sabe provocar.

Continuei com a Joana a fazer os nossos castelinhos, de repente, a gente olhou para o mar, na frente da Talita surgiu uma fumaça que foi crescendo, crescendo, crescendo, que nem dava mais para ver o mar. Sai correndo para água. Ninguém enxergava nada.

Quando a gente chegou aonde a Talita tava, tomou um grande susto. A fumaça não parava de sair de dentro de uma garrafa que a Talita achou enterrada na areia.

– Que isso, Talita?

– Não sei, Helena! Eu tava cavando aqui, de repente achei essa garrafa, comecei a esfregar, esfregar, ai começou a sair uma fumaça que não para.

O Paulinho, que também viu a fumaça lá da água, veio de pressa para ver o que era.

– Que fumaça é aquela?

– Tá saindo daquela garrafa que a Talita achou na areia. Disse a Joana.

– Será que o gênio da lâmpada? Vibrou o Paulinho.

– Que gênio da lâmpada! Só um cabeça oca que nem o Paulinho para achar que é um gênio da lâmpada.

Não demorou e a Talita e o Paulinho já estava se provocando. Toda vez é assim. Nunca vi gente pra brigar tanto um com outro como a Talita e o Paulinho.

Enquanto os dois ficavam se provocando, a fumaça baixou e na nossa frente apareceu um homem alto, magro, com um turbante na cabeça, uma calça de palhaço e uma camisa sem manga. Tinha uma voz de trovão.

– Quem foi que me libertou?

A gente olhou um para o outro, a Joana, como sempre, queria sair correndo, mas eu segurei ela.

– Olha aí, não falei? É um gênio da lâmpada.

– Você é mesmo um gênio da lâmpada? Perguntei para ele.

– Se ele é um gênio que tem direito a fazer os pedidos sou eu. Gritou a Talita.

– Ei, vamos deixar o moço falar. Disse a Joana.

E não era que aquele homem era mesmo um gênio? Só que não tava em nenhuma lâmpada, tava era numa garrafa bem velha, viu? A Talita já foi logo empurrando todo mundo para fazer os pedidos para o gênio.

– Fui que tirei o senhor da garrafa, fui eu! Disse a Talita.

– A ama tem direito a três pedidos. Mas só a três pedidos e nada mais.

– E agora, nós somos quatro! Eu falei.

Mas quem disse que a Talita estava pensando na gente. Ela acabou é nos arrumando foi muita confusão, isso sim.

– Pede sorvete, Talita! Um monte! Disse o Paulinho.

– Senhor gênio, eu quero… Eu quero… Eu quero….

– Pede logo o sorvete, Talita! Repetiu o Paulinho.

– Eu quero que o senhor gênio suma com esse menino chato!

Puft! O gênio estalou o dedo e o Paulinho sumiu na nossa frente.

– Pronto, um a menos para dividir os pedidos. Disse a Talita.

– Caramba, o Paulinho sumiu! Disse a Joana.

– Por que você fez isso, Talita!

– Aquele menino é muito chato.

– Eu quero o meu primo de volta. Disse a Joana.

E o gênio repetiu para Talita.

– Minha ama tem mais dois pedidos.

– Pede para o gênio trazer meu primo de volta.

Que nada, a Talita tava lá se sentindo a poderosa, e pediu para o gênio um monte de sorvete. Mas a gente não queria saber de sorvete. A gente queria o Paulinho de volta. A Talita, nem aí. Sentou e começou a tomar os sorvetes todos.

O pior foi quando a mãe da Joana chamou a gente para ir embora. Eu olhei pra Joana, a Joana olhou pra mim. A gente ficou paralisada.

– Joana, manda o Paulinho sair da água! Pediu a mãe da Joana.

Como a gente ia fazer isso, se o gênio tinha sumido com o Paulinho. Foi então que a gente foi conversar com o gênio para ele trazer o Paulinho de volta. Mas quem disse que o gênio escutava a gente. Parecia surdo. Fica ali, no lado da Talita, abanando ela com uma pena grande.

– Aonde esse gênio arrumou essa pena? Fiquei eu pensando.

A gente pedia para Talita pedir par o gênio devolver o Paulinho e ela nem aí, enquanto não acabou com todo o sorvete que pediu, ela nem olhou pra gente.

– Joana! Helena! Talita! Paulinho! Chamou a mãe da Joana.

– Olha aí, Talita, minha mãe ta chamada a gente pra ir embora.

– Pede para esse gênio trazer o Paulinho.

– Tudo bem! Mas vocês vão ter de pedir para ele namorar comigo.

Eu e a Joana olhamos uma para outra e não entendemos nada. Acho que muito sorvete congelou o cérebro da Talita. Os dois vivem brigando. Mas, se é só isso que ela quer para trazer o Paulinho de volta! Só que eu duvido que o Paulinho vai querer namorar com Talita. Duvido! Mas a gente deu a nossa palavra e então a Talita pediu ao gênio que, com estalar de dedos, trouxe o Paulinho de volta.

Depois que o Paulinho apareceu, surgiu uma fumaça que foi aumentando, aumentando, aumentando, e, de repente, sumiu, junto com gênio. Corri para ver se achava a garrafa para fazer os meus pedidos, mas que nada, o mar já tinha levado a garrafa embora.

Já o Paulinho e a Talita, estão namorando sim, ninguém sabe disso, mas eles não param de brigar nenhum instante. Eles devem se gostar mesmo, de verdade, pois minha mãe falou que quanto mais a pessoa briga, mais a pessoa gosta. E eu acho que isso é verdade, viu? Porque minha mãe gosta tanto de mim, que briga comigo a todo o momento. “Helena, arruma o quarto!”… Helena, vai escovar os dentes!”… “Helena, vou te deixar de castigo!”… Eu amo muito a minha mãe.


O mistério da biblioteca

abril 8, 2016

Oi, gente, hoje tenho uma aventura muito diferente pra contar, acho até que tem gente que não vai acreditar. Mas aconteceu, mesmo! Foi de verdade!  A Joana está aí para provar que eu não to inventando nada. Vou contar tudo pra vocês.

Eu tava muito mal em Matemática, então, a Joana, que é muito fera em Matemática, se ofereceu pra me ajudar a entender os exercícios. Tinha coisa que não entrava na minha cabeça. A professora explicava, explicava, quando eu achava que tinha entendido tudo, vinha à prova e, eu… nota baixa! Minha mãe tava muito preocupada, e eu também!

– Matemática é exercício, Helena, você vai aprender a fazer. Depois, é só praticar!

– Falando assim, até parece fácil.

– É fácil sim!

– Duvido.

Depois da aula, eu e a Joana marcamos de ficar uma hora na biblioteca para ela me explicar os exercícios de Matemática. A Tereza, que ficava na biblioteca, deixou a gente ficar sozinha lá enquanto ela saiu pra almoçar.

– Presta atenção, Helena!

– Olha só, Joana! Cada livro desse deve ter um monte de aventura legal!

– Só que hoje é dia de Matemática, lembra?

– Deixa eu dar só uma olhadinha.

Nem esperei a resposta da Joana, e sai lendo os nomes dos livros na estante. Só que quando puxei um livro para ler, descobri uma coisa muita estranha.

– Olha isso, Joana!

– O quê, Helena?

– O livro!

– O que é que tem?

– As letras sumiram!

– O quê?

Verdade! O livro tava lá, mas dentro, não tinha nada escrito. Comecei a olhar um por um, e nada! Todos os livros estavam em branco. Alguém tinha roubado as letras dos livros. Mas quem?

A Joana deixou os exercícios de Matemática pra me ajudar a encontrar as letras dos livros. A gente não acreditava naquilo. Não podia ser possível, as palavras escritas nos livros, sumirem assim, de um hora para outra! De uma hora para outra era o fim de todas as histórias, não podia!

Tentei sair da biblioteca, mas a porta estava trancada.

– E agora, Joana? Fecharam a porta!

– Não acredito que a Tereza deixou a gente aqui trancada!

A Joana começou a chamar as inspetoras, mas ninguém aparecia.

– Não adianta, Joana, ninguém escuta!

– Então deixa isso pra lá, Helena, vamos estudar Matemática, quando a Tereza chegar a gente conta pra ela.

– Nada disso! Não sossego enquanto não resolver esse mistério.

Tinha que ter alguma explicação, mas qual? Não dá para apagar as palavras dos livros com uma borracha, alguém fez alguma coisa.

– Helena, você acha que tem alguém aqui?

– Já vai começar, Joana?

– É sério! Pode ser perigoso!

Comecei a procurar por toda a biblioteca, a Joana, mesmo com medo, também começou a procurar, mas a biblioteca não era assim tão grande que desse para alguém se esconder tão escondido assim.

De repente eu ouvi um assobio.

– Ouviu, Joana?

– Ouvi! De onde veio?

– Acho que veio de debaixo na mesa da Tereza.

– Eu não vou lá!

Claro que a Joana não foi. Ela é a minha melhor amiga, mas como é medrosa, viu? Mas, eu fui, bem devagarzinho e não acreditei quando eu me abaixei para ver quem tinha assobiado e vi quem estava escondido dentro do cesto de lixo.

– Pequeno Polegar?

– Quem, Helena?

Era o pequeno polegar! Ele mesmo, em carne e osso e miniatura!

– O que você está fazendo fora da sua história?

– Eu tive que fugir do meu livro para buscar ajuda.

– Ajuda pra quê? Disse a Joana.

– Estão roubando as palavras dos livros! Disse o Pequeno Polegar.

É, parecia que alguém não queria que mais ninguém lesse mais nada. Alguém não queria mais palavras no mundo. Foi então que o Pequeno Polegar contou porque fugiu do livro e porque ele fugiu.

Vocês não vão acreditar! Mas foi verdade, juro pela minha mãe! Mas sabe quem sumiu com as palavras dos livros? Os números! É! O 1, o 2, o 3, o 4, o 5, o 6, o 7, o 8 e o 9, saíram dos livros de Matemática e resolveram sumir com as letras dos livros, porque as pessoas gostavam mais das palavras do que deles.

– E onde estão esses números de uma figa?

– Não sei! A última vez que os vi, eles estavam indo para o lado da estante das poesias.

– Deixa que eu vou falar com eles. Disse a Joana.

Se tinha alguém melhor para falar com os números, era a Joana. Não tinha, na escola, ninguém que soubesse mais Matemática do que ela. Não sei o que ela falou para os números, ela nunca me contou isso, mas, não demorou muito e todas as palavras começaram a aparecer nos livros. Não deu nem tempo de me despedir do Pequeno Polegar.

– Pô, Joana, os números gostam mesmo de você, hein?

– É porque eu também gosto muito deles, Helena!

Eu vou confessar uma coisa. Prefiro muito mais as letras, do quê os números, ainda mais depois de tudo o que eles fizeram com as letras. Tudo inveja!

Eu não sei se vocês gostam de Matemática, mas, eu acho que vai ser mesmo muito difícil que um dia eu saiba Matemática assim como a Joana sabe. Acho que nunca!

Mas, tomara que mais gente goste dos números, assim, eles não vão tentar roubar, outra vez, as palavras de livro nenhum!


Meu amigo Curumim

janeiro 22, 2016

Hoje me lembrei de uma aventura bem legal que tivemos, eu, a Joana e o Paulinho. Mas essa foi uma aventura de verdade. Nós ajudamos um indiozinho a salvar os bichos da floresta das mãos de uns caçadores bem malvados. Vou contar direitinho como tudo aconteceu.

Eu, meu pai, minha mãe, a Joana e o Paulinho fomos passar o fim de semana no sítio de um a amigo do meu pai. Era um lugar bem no meio do mato. Não tinha luz. A noite, a luz vinha de um negócio chamado lampião que fica pendurado nas paredes. Todo lugar tinha um daquele para clarear, porque era muito escuro.

A primeira noite foi muito chato, meu pai e os amigos jogando carta, minha mão lendo deitada da rede e eu, a Joana e Paulinho, sem ter o quê fazer. O amigo do meu pai contava um monte de história, dizia que tinha até onça que andava pelo meio daqueles matos e que tinha uma aldeia de índios que morava em uma tribo depois do rio que cortava o sítio dele.

– Então, meninas: Vamos visitar os índios amanhã? Disse o Paulinho.
– Vamos!
– Não é perigoso, Helena? E se a gente ver uma onça, Paulinho?
– Deixar de ser medrosa, Joana. Disse o Paulinho.

Aquilo ali está bem chato e não tinha como não concordar com o Paulinho. Se a gente não fizesse nada, aquele fim de semana seria um tédio.

Um olhou para o outro e saímos correndo para dormir. A gente precisava acordar antes de todo mundo para ninguém ver a gente, senão, duvido que a minha mãe ia deixar a gente ir ver os índios.

No dia seguinte saímos bem devagarzinho para que ninguém escutasse a gente.

– Vou levar esse facão, disse o Paulinho.
– E você sabe usar isso? Falei isso?
– Acho melhor a gente não ir sozinho.
– Se você não quiser, pode ficar, Joana?
– Vamos, Joana, vai ser legal!

Saímos pelos fundos da casa, atravessamos o galinheiro e escorregamos um barranco para chegar até o rio que passava no fundo do sítio. Só que enfrentamos o primeiro problema. Não tinha ponte para atravessar o rio. O Paulinho tentou achar uns pedaços de galhos para fazer uma ponte, mas só achava galhos pequeninhos.

De repente eu escutei um assobio. Olhei para o Paulinho, olhei para a Joana. Eles também tinham ouvidos, mas não vimos ninguém. A Joana, medroso como ela é, já queria voltar pra casa. Não demorou muito e, um assobio de novo. Foi então que a Joana viu do outro lado do rio, um indiozinho.

– Ei, como a gente faz para atravessar o rio? Perguntou o Paulinho

O indiozinho ficava dando risada pra gente.

– Ei, como a gente faz para atravessar o rio? Perguntou de novo o Paulinho.
– A gente quer atravessar. Falei para ele.

Ele riu de novo e sumiu no meio do mato.

– Acho melhor a gente voltar pra casa. Disse a Joana.
– Também to achando melhor, Paulinho.
– Que nada! Vamos atrás daquele indiozinho.

A gente queria, mas como a gente ia atravessar para o outro lado do rio? Foi quando a gente viu o indizinho em uma canoa. Ele tinha vindo buscar a gente.
Subimos na canoa na mesma hora que a gente viu dois homens do outro lado do rio, preparando uma armadilha para pegar algum bicho.

Eu ia até gritar, mas o Paulinho colocou a mão na minha boca e o indiozinho fez sinal de silêncio. Ele levou a canoa bem devagar para o outro lado para que os homens não vissem a gente.

A gente desceu e logo vimos os dois homens numa barraca e um monte de bicho presos em gaiolas. Tinha passarinho, tinha coruja, tinha tatu, tinha até uma tartaruga, que o indiozinho falou que era um jabuti. Aqueles homens estão caçando os bichos da floresta.

– Vocês ajuda Curumim? Homem branco roubando bicho da floresta. Disse o indiozinho.

Curumim falou o que a gente precisava ouvir. Paulinho pegou o estilingue que tinha no bolso e atacou uma pedra da cabeça de um dos homens. O indiozinho começou a fazer o som de um monte de bicho para distrair os homens, aí, eu e a Joana fomos até as gaiolas e soltamos todos os bichos.

Só que os homens viram a gente e começaram a dar um monte de tiro para cima. O indiozinho se escondeu no mato e o Paulinho atrás de uma árvore. Eu e a Joana, bem… Aqueles homens malvados pegaram a gente. Amarraram uma de costa para outro e saíram atrás do Paulinho e do indiozinho.

A Joana já tava chorando, quando o indiozinho saiu do mato com dois índios grandões e soltaram a gente. Só então o Paulinho saiu da árvore. Diz que é cheio de coragem, mas e mais medroso que a Joana.

Como a gente conseguiu ajudar o indiozinho a soltar os bichos da gaiola, os índios grandões ficaram muito felizes com a gente, nos levaram para conhecer a aldeia onde eles moravam, deram um monte de colar pra gente e depois ainda levaram a gente pro sitio do amigo do meu pai.

Foi muito legal conhecer um indiozinho, ajudar ele a soltar os bichos das gaiolas e ainda conhecer uma aldeia de verdade. Os homens? A gente não viu mais, mas espero que os índios grandões tenham dado uma boa lição neles.

Sabe de uma coisa? Faz tempo que meu pai não vai para o sítio do amigo dele. Acho que vou pedir para ele me levar de novo. Quem sabe não encontro de novo o meu amigo Curumim?


A Sereia do Rio

novembro 6, 2015

Quando eu me lembro dessa história, fico toda arrepiada, foi a primeira vez que eu senti medo de verdade. O que era para ser uma grande aventura, acabou sendo um grande susto. Vou contar tudo pra vocês.

Não sei se vocês se lembram do meu primo, o João e o Antônio! Aqueles que são donos do Chicão. Que moram lá no interior! Então, foi por causa deles e com um deles, que quase acontece a maior desgraceira!

Nas últimas férias, fui passar uns dias na casa deles e saímos para andar pelas matas perto do sítio deles. Eu não queria, mesmo porque dá última vez que fui à floresta com eles, dei de cara com o Saci, depois com o Curupira. Nem imaginava o que eu ia encontrar por lá.

– E aí, Helena, vamos caçar Saci? Disse meu primo João.

– Eu não! Nem inventa essa brincadeira que eu volto correndo pra casa da tia.

– Para de botar medo na prima! Me defendeu o  primo Antônio.

– Brincadeira, Helena! Disse o João.

Aí eu tive uma ideia: – Que tal a gente ir até o rio?

De primeira, o primo João gostou da ideia, mas o primo Antonio não achou uma boa ideia.

– A gente só fica na beirinha, a gente não entra. Disse eu a ele.

Antonio não queria, mas João conseguiu o convencer. Então fomos nós lá para o rio. Só que a gente tinha que atravessar um bambuzal enorme pra chegar lá. E eu, morrendo de medo de que aparecesse um Saci, mas não podia mostrar pr’os primos que eu tava com medo. Atravessei o bambuzal todo rezando.

O primo Antonio, não tava feliz, não sabia porque ele não queria ir para o rio.

– Que foi, Antonio. Por que você não quer ir pr’o rio?

– É por nada, não, Helena!

– Já sei! O Antonio está com medo de encontrar a sereia do rio!

– Nada disso!

Eu nunca tinha escutado que no rio tinha sereia. A única sereia que eu conhecia era a que vivia no mar que nem conta a história da pequena sereia.

– Sereia do Rio? Perguntei.

– É, Helena! A Iara mãe d’água! Disso Antonio

– Ah! Essa eu já ouvi falar. Não vai dizer que aqui também tem Iara?

– Vou pegar e dar um nó nos cabelos daquela sereia, podem apostar. Disse o primo João.

– Você sabe que a gente não pode mexer com ela! Retrucou o Antonio.

E parece que eu disse uma palavra mágica. Assim que acabei de falar da Iara, comecei a ouvir uma música tão bonita, mas, tão bonita, que não ouvia mais nada que estava na floresta, só aquela música. Nem os cantos dos passarinhos, das folhas que a gente pisava, nem na correnteza do rio. Foi aí que o primo deu enorme grito no meu ouvido que eu quase fiquei surda.

– Que isso, Antonio? Quer me deixar surda?

– Fecha os ouvidos com a mão. Você não pode ouvir essa música.

– Por quê?

– Fecha que eu to mandado!

Não discuti com o Antonio e tratei logo de tapar os meus ouvidos com a mão, ele também tinha feito o mesmo, mas o primo João… Bem…

– Cadê o João, Antonio?

– Ah não! Corre Helena!

E saímos correndo em direção ao rio, assim que deu um clarão, eu vi, era de verdade! Tava lá, sentada na pedra, penteando os cabelos e cantando aquela música.

– Não ouve, Helena! É a sereia do rio!

Nisso, eu olhei por rio e vi o primo João dentro na água, foi entrando, entrando, até a água cobrir ele todo. Logo depois, a sereia pulou da pedra para dentro da água e o primo Antonio pulou atrás. Comecei a ficar com muito medo.

O tempo tava passando e nada dos primos. Comecei a pensar que eles tinham se afogado.

– Ai, meu Deus! E agora? Socorro!! Alguém ajuda!

Ninguém me respondeu. Só os passarinhos que ficaram todos agitados; começou uma cantoria misturada, que deu até dor de cabeça. De repente eu vejo o primo Antonio arrastando o primo João para fora do rio.

– Ajuda, Helena! Vai chamar o pai!

Saí correndo pra casa dos tios para buscar ajuda, tava morrendo de medo que o João tivesse morrido. Cheguei que nem conseguia falar e mesmo sem entender direito, o tio correu lá pra beira do rio.

O que aconteceu? A sereia do rio encantou o primo João com seu canto e tava levando ele para morar com ela no fundo do rio, se não fosse o primo Antônio, aquela aventura que nem aconteceu, ia terminar na maior desgraça.

Essa foi mais uma das minhas férias inesquecíveis no sitio dos primos. Tem horas que eles parecem pior que o Paulinho, viu?