Quando fomos surpreendidos pela pandemia, não tivemos tempo de quase nada, da noite para o dia nossas vidas mudaram, acabamos em um isolamento social e vimos muitas atividades serem paralisadas, diante de uma nova realidade que se apresentou, adaptação passou a ser a palavra de ordem, mas entre todas as atividades atingidas pela paralisação, a mais afetada foi à área da Educação que teve de uma hora para outra reinventar o jeito de atuar.
Mesmo que muitas organizações buscaram, no primeiro momento, uma maneira, cada qual com seu jeito particular, para que não houvesse perda do ano letivo planejado, não tem como dizer que os objetivos educacionais foram alcançados, pois, apesar de todo esforço, com certeza, houve um prejuízo enorme, principalmente para às crianças da primeira infância, aquelas que frequentam desde à pré-escola até o fim do primeiro ciclo educacional.
Essa turminha, que ainda engatinha pelo mundo das letras e dos números, da socialização, da ambientação e do seu aprendizado, foi, sem sombras de dúvidas, a que mais sofreu com a paralisação das aulas e com a mudança da forma de aprender, de uma hora para outra, não puderam mais ir às escolas para realizar suas tarefas, tendo que se adaptar a uma educação virtual, que, por mais esforço do professor, acabou sim, prejudicando o aprendizado.
Se ainda olharmos para além dos muros das escolas e do todo processo de aprendizado e estendermos o nosso olhar para a questão social, aí, o grau de prejuízo para essa turminha foi muito mais relevante, pois o que vimos é o quão grande é, a nossa desigualdade social, que, com certeza, o prejuízo que essas crianças tiveram em todo o seu processo de aprendizado, jamais será recuperado, tanto na questão educacional, quanto na questão da interação.
É claro que fomos todos pegos de surpresa e que muito pouco se pôde fazer para encontrar um modelo de educação que causasse o mínimo de prejuízo no aprendizado dessas crianças, mas tão desigual quanto é a educação, é a questão social e, por mais que se buscasse uma forma para colocar todos no mesmo ritmo, isso não foi possível e agora como recuperar esse tempo perdido? Isso fará muita falta para essas crianças lá na frente.
O pior de tudo é constatar o descaso dos governos para com esse problema, pois pouco se houve falar do prejuízo que esses alunos da primeira infância estão passando com o atraso de seu aprendizado. Em um país em que o índice de analfabetismo ainda é grande e que a evasão escolar um problema crescente, ver essa turminha sem poder frequentar a escola e a falta de atitude governamental sobre o tema, é constatar que ainda continuaremos muito tempo atrasados na educação de nossas crianças.