Como recuperar o tempo perdido?

dezembro 4, 2020

Quando fomos surpreendidos pela pandemia, não tivemos tempo de quase nada, da noite para o dia nossas vidas mudaram, acabamos em um isolamento social e vimos muitas atividades serem paralisadas, diante de uma nova realidade que se apresentou, adaptação passou a ser a palavra de ordem, mas entre todas as atividades atingidas pela paralisação, a mais afetada foi à área da Educação que teve de uma hora para outra reinventar o jeito de atuar.

Mesmo que muitas organizações buscaram, no primeiro momento, uma maneira, cada qual com seu jeito particular, para que não houvesse perda do ano letivo planejado, não tem como dizer que os objetivos educacionais foram alcançados, pois, apesar de todo esforço, com certeza, houve um prejuízo enorme, principalmente para às crianças da primeira infância, aquelas que frequentam desde à pré-escola até o fim do primeiro ciclo educacional.

Essa turminha, que ainda engatinha pelo mundo das letras e dos números, da socialização, da ambientação e do seu aprendizado, foi, sem sombras de dúvidas, a que mais sofreu com a paralisação das aulas e com a mudança da forma de aprender, de uma hora para outra, não puderam mais ir às escolas para realizar suas tarefas, tendo que se adaptar a uma educação virtual, que, por mais esforço do professor, acabou sim, prejudicando o aprendizado.

Se ainda olharmos para além dos muros das escolas e do todo processo de aprendizado e estendermos o nosso olhar para a questão social, aí, o grau de prejuízo para essa turminha foi muito mais relevante, pois o que vimos é o quão grande é, a nossa desigualdade social, que, com certeza, o prejuízo que essas crianças tiveram em todo o seu processo de aprendizado, jamais será recuperado, tanto na questão educacional, quanto na questão da interação.

É claro que fomos todos pegos de surpresa e que muito pouco se pôde fazer para encontrar um modelo de educação que causasse o mínimo de prejuízo no aprendizado dessas crianças, mas tão desigual quanto é a educação, é a questão social e, por mais que se buscasse uma forma para colocar todos no mesmo ritmo, isso não foi possível e agora como recuperar esse tempo perdido? Isso fará muita falta para essas crianças lá na frente.

O pior de tudo é constatar o descaso dos governos para com esse problema, pois pouco se houve falar do prejuízo que esses alunos da primeira infância estão passando com o atraso de seu aprendizado. Em um país em que o índice de analfabetismo ainda é grande e que a evasão escolar um problema crescente, ver essa turminha sem poder frequentar a escola e a falta de atitude governamental sobre o tema, é constatar que ainda continuaremos muito tempo atrasados na educação de nossas crianças.


O quê será da Educação?

junho 26, 2020

Todos nós sabemos muito bem que a Educação nunca foi o forte do nosso país, entra governo, sai governo e ela é sempre relegada às pessoas que não têm interesse algum em mudar esse quadro, basta relembrar o último Ministro da Pasta que estava muito mais preocupado em combater os fantasmas que ele criou em sua cabeça, do que se debruçar sobre algum projeto relevante para a Educação do país.

E se não bastasse todo esse descaso secular para com a Educação, fomos atingidos em cheio por uma pandemia que nos obrigou a realizar um distanciamento social, acertando de jeito o sistema educacional do país que, da noite para o dia, foi obrigado a encontrar práticas para não deixar que os alunos tivessem o ano letivo prejudicado e, tudo isso, sem um plano federal que orientasse os rumos a seguir.

Esse quadro de pandemia desnudou outro grave problema do nosso país: o  social, pois os caminhos encontrados, no primeiro momento, para a Educação, foi de investir em recursos tecnológicos e passar a oferecer, aos alunos, as práticas de ensino no modelo à distância e, é óbvio, que os menos favorecidos estão sendo prejudicados, mesmo que haja os esforços para contemplar uma educação plena para o maior número de estudantes.

Mas o fato, é que no meio de toda essa pandemia, professores e gestores da Educação, tiveram que se reinventar e encontrar outras práticas de ensino, o que, por outro lado, talvez venha a ser seja muito saudável para o sistema educacional do país. Já não é de hoje que existe uma forte tendência para o Ensino à Distância, e a pandemia acabou por acelerar esse processo que parecia ser inevitável para a educação escolar.

Outro ponto que parece se mostrar positivo e que veio dessa necessidade urgente de se reinventar as práticas educacionais, é que, com certeza, haverá algo de novo na metodologia de ensino, deixando para trás os velhos e obsoletos padrões de avaliação da aprendizagem do aluno, bem como banindo de vez a visão equivocada, de dono do conhecimento que alguns professores insistiam em preservar.

O quê será da Educação depois disso tudo? Ainda não dá para saber, mas, já é possível imaginar que não será a mesma, nem em suas metodologias e práticas de ensino, nem em suas avaliações da aprendizagem, nem mesmo na elaboração e aplicação dos conteúdos dos professores a serem entregues aos alunos e nem mesmo no seu espaço físico de aprendizagem. Às escolas e o ensino, estão se transformando por conta da pandemia.

O único ponto negativo nisso tudo é que, mais uma vez, a falta de uma diretriz governamental não se faz presente neste momento de transformação do sistema educacional do país. Tomara que todos os envolvidos neste momento transformador que o ensino está passando, como pesquisadores, gestores, diretores, professores, alunos e toda a sociedade interessada no bem da Educação, sejam capazes de levar o ensino para um outro patamar.


É preciso ter respeito

novembro 22, 2019

Hoje não vou contar nenhuma aventura, vou contar uma coisa muito grave que está acontecendo na minha escola, os meninos mais velhos, agora começaram a chamar o Alex, de mulherzinha, só porque ele usa brinco, tem o cabelo pintado, só fica com as meninas e anda rebolando, é o jeito dele, ninguém tem o direito de ficar xingando o Alex. E ele é muito legal, com todo mundo, mas os meninos mais velhos não param de provocar ele.

O Alex é novo na escola, ele veio de outra cidade e está morando lá no meu prédio, já virou um dos meus melhores amigos, mas ele anda muito triste, e eu também, com tudo que estão fazendo com ele. Outro dia falei para o meu pai e ele me disse que menino é assim mesmo, daqui a pouco eles viram amigos.  Falei com a minha mãe, e ela falou que daqui a pouco eles param, é que ele é novo na escola. Pode até ser, mas todo dia eles xingam e provocam o Alex.

Outro dia eu e a Joana estávamos no pátio brincando, quando os meninos mais velhos começaram a chegar e foram cercando o Alex, xingavam ele, passavam a mão no cabelo dele, empurravam ele, aí não aguentei.

– Ei vocês querem parar com isso!

Um dos grandões ainda gritou:

– Fica quieta, pirralha!

Fiquei tão nervosa que chutei a canela do menino! A inspetora viu e ainda me levou para diretoria. Os meninos mais velhos, fugiram e a Joana me contou depois, que ele foi chorar no banheiro. Também contei tudo o que os meninos mais velhos estavam fazendo com o Alex. A diretora falou que tomar providências, duvido! Quando fizeram bullying com o Zé Augusto, ficou por isso mesmo, até que ele machucou um menino e foi expulso da escola. Não vou deixar isso acontecer de novo.

Depois daquele dia, o Alex ficou sem ir para escola uns três dias, fui até a casa dele, mas ele nem quis falar comigo.

– Joana, você vai ter de me ajudar a resolver o problema do Alex.

– É, faz tempo que ele não vem pra escola, né?

– Então, desde aquele dia que eu fui pra diretoria.

– Foi por causa dos meninos que ficam xingando ele.

– A gente precisa fazer alguma coisa!

– Mas o Alex não veio pra escola mais. Será que ele está doente?

– Não sei. Já fui na casa dele e ele não quis me responder.

Depois de uma semana sem aparecer, a gente ficou sabendo que o Alex tinha saindo da escola. Fiquei muito chateada, mas muito chateada mesmo, que quis até pedir para meu pai também me tirar dessa escola também, pois depois daquele dia, os meninos mais velhos também ficaram me xingando, só porque eu defendi o Alex.

A Joana ficou triste porque falei que se aquilo continuasse eu ia sair da escola, lembrei até do que meu o meu pai falou na história que aconteceu com o Zé Augusto, que quando a gente está com raiva, faz muita coisa sem pensar. E eu tava com muita raiva daqueles meninos.

– Não fica assim, Helena, não precisa sair da escola por causa desses meninos.

– Mas não é certo, Joana.

– A gente fala pra nossas mães virem falar com a diretora.

Mas eu estava com tanta raiva daqueles meninos, que queria que eles sumissem. Então já que a gente falou com a diretoria e ela não fez nada, quem sabe a ideia da Joana não resolvia, já que aqueles meninos mais velhos não respeitavam ninguém. Meu pai e minha sempre falaram pra mim que era para sempre respeitar os outros, mas agora ninguém quer respeitar mais ninguém!

Contei tudo para minha mãe  e ela se reuniu com algumas mães de alguns dos meus colegas e foram falar com a diretora para falar que aquilo não podia continuar, não era certo aqueles meninos do ensino médio, ficarem fazendo isso com a gente. Até que deu certo, viu? A diretora chamou os pais daqueles grandões e eles mudaram um pouco. Mas eu ainda vejo na hora do intervalo, eles xingando e provocando alguns meninos e meninas das outras turmas. Outro dia até quiseram me provocar, mas eu nem dei bola.

Já que eles só fingiam que mudaram, sabe que eu fiz? Eu e a Joana, mais o Paulinho e a Talita, fizemos um grupo no facebook e colocamos lá, todo dia, tudo o quê aqueles meninos falam e fazem na escola. Já que eles não querem respeitar as outras pessoas, todo mundo vai ficar sabendo como eles são de verdade. Tudo bem, eles até ficaram com mais raiva de mim, mas já avisei para o meu pai e para minha mãe. Se eles não pararem de desrespeitar todo mundo, vou querer sair daquela escola.


O nascimento do Joãozinho

maio 31, 2019

Quando Joãozinho chegou, toda a família ficou em festa, enfim, havia chegado o herdeiro daquela família que a muito já se ansiava. O avô tratou de comprar-lhe logo uma bicicleta, a avó, corujíssima, deu-lhe logo um vídeo-game de última geração. Os pais, esses então, não sabiam o quê fazer. João, o pai, não poupou dinheiro, e a mãe, Maria, tratou de decorar o quartinho do pequeno Joãozinho com o que havia de mais caro.

Joãozinho era tratado como um verdadeiro príncipe, as tias e os tios, lhe davam de tudo, nunca soube de um menino tão mimado assim. Se ele espirrava, logo vinham três de uma vez, só para acudir o pequeno Joãozinho. A impressã era que Joãzinha era de cristal e podia se quebrar a qualquer instante.

Cercado de todos os cuidados, Joãozinho, recebia carinho de todas as partes. Sempre tinha alguém preocupado com o bem estar do pequeno, que aos poucos, foi entendendo todo aquele excesso de carinho, e esperto como ele só, tratou de aproveitar às mordomias.

Tinha fome, abria o berreiro, pois sabia que não demoraria muito para tê-la saciada. Tinha sono, abria o berreiro, pois sabia que não demorava muito, teria um colo aconchegante acalantando o seu corpinho.

Joãozinho não queria saber de mais nada, tamanha era assistência que recebia dos seus. Não havia quem conseguisse fazê-lo dormir no carrinho ou no berço. À noite era uma choradeira só, um pouco no colo da mãe, um pouco no colo do pai, em um revezamento que durava a madrugada inteira.

Aquela altura, o pequeno Joãozinho já se recusava a mamar nos seios da mãe, por certo, sugar o leite já lhe dava muito trabalho para quem, já tinha tudo na mão.

Mas, sem se darem conta que, com aqueles pequenos mimos e caprichos, às manhas do pequeno Joãozinho aumentava de proporção e todos perderam conta de quanto aquele excesso de carinho estava sendo prejudicial para o desenvolvimento do pequeno.

Os primeiros meses do pequeno Joãozinho foi um encantamento só, mas também foram de muita canseira, principalmente para mãe, que mal conseguia dormir à noite, de tanto que o pequeno Joãozinho chorava, só queria saber de colo. Já havia acostumado com isso. Os pais até tentavam ser um pouco mais severos com o pequeno, mas aquele rostinho fazendo biquinho, o levavam ao chão e o quê até então parecia ser uma bronca, passava a ser um festival de beijos, abraços e fotos, que depois eram todas mostradas para toda família, que babava de felicidade.

Como dava trabalha aquele pequeno serzinho de aparência tão frágil! Mas era a maior joia que aquela família havia conquistado até então. Nada era demais, nada era suficiente, para o pequeno Joãozinho, sempre tudo e muito mais.

Os primeiros meses passaram tão rápido e lá já estava o pequeno Joãozinho, cercado de todos os cuidados, aprendendo a sentar sozinho. Era um dando palpite aqui, outro dando outro palpite ali, e no final das contas, Joãozinho acabava invariavelmente no colo de alguma avó.

– Coitado do menino! Ele é muito pequeno pra sentar sozinho.

E lá estava novamente o pequeno Joãozinho, cercado de todos os mimos e cuidados para que nada pudesse machucá-lo, que aos cinco meses, já pesava quase sete quilos.

Quando o Joãozinho deu seus primeiro passos foi uma festa só. Era foto pra lá, foto pra cá, e filma aqui, filma ali, e todos lá, o seguindo de perto, de braços abertos para que se no caso do pequeno Joãozinho se desequilibrasse, recebesse de alguém, o amparo imediato.

As primeiras palavras soavam a todos como um hino, e todos em uníssono pediam para que ele repetisse aquelas palavras ditas em forma de dialeto totalmente incompreensível, mas que para todos, soava feito música pura.

Aquela altura, o pequeno Joãozinho, sabedor de todos os mimos que recebera até então, já começava dar sinais de todo o seu poder, que jamais foi contestado por qualquer pessoa que fosse. Joãozinho podia pedir o que quisesse que era atendido de pron-to. Vez ou outro o pai retrucava:

– Assim, Joãozinho é feio!

Joãozinho abria um berreiro ensurdecedor, que parecia que estava sofrendo alguma agressão. Ele chorava um choro sentido! Sabia que viria a recompensa de colinho aconchegante, de alguém que intercederia por ele, contra aquela insensatez falada por seu pai.

É claro que não fazia por mal, aliás, amor é sempre bom de se dar e receber, mas, acontece que o pequeno Joãozinho, já havia adquirido certos hábitos, e esperto como toda criança o é, tratava de usá-los sempre que alguém não fizesse aquilo que ela desejava.

A família sempre colocava panos quentes em qualquer situação, pois Joãozinho era apenas um pequeno bebê prestes a completar um ano, precisava de muito carinho e proteção.

Mas, o quê se viu daí em diante, foi o nascimento de uma criança que cresceu sem limites e que tinha a certeza de que podia fazer todas as suas vontades que sempre haveria alguém para lhe passar a mão na cabeça e contornar a situação.

 


Para onde vai a Educação?

maio 3, 2019

Para onde vai a Educação? Pelo andar da carruagem, não vai muito além de aonde já chegou até agora e nesse passo, ainda vamos demorar muito para nos tornarmos uma nação desenvolvida em que a Educação faça realmente a diferença, por hora, vamos gastando um tempo precioso com brigas ideológicas e retóricas envelhecidas que deixam claro que nunca houve de fato um projeto para a Educação.

Há tempos venho pensando que o problema da Educação no país só será resolvido de fato, quando houver um projeto de País para Educação, não picuinhas, brigas, quedas de braços e discussões fundamentadas em ideologias partidárias. Enquanto cada governante que chega ao poder, quiser implantar suas idéias de Educação, nada será construído de fato que venha fazer a diferença na Educação.

A situação está tão aflorada, que vemos docentes defendendo um lado e criticando o outro e vice-versa, se agredindo, se acusando, se hostilizando de parte a parte, sem se darem conta que pouco, bem pouco, eles podem fazer se não houver um projeto de Educação para País. O fato é que a ideologia, ou a preferência política é quem tem frequentado as salas de aulas, querendo determinar o que é certo ou errado.

Nos dias de hoje estão tirando da Educação, o espaço da tese e da antítese e o tempo vai passando e nada de fato é realizado, por má vontade de todos os lados. Não existe, ou pelo menos nada foi apresentado de concreto, mostrando que um projeto de Educação do País está ou estará em curso, por enquanto, vemos a Educação à deriva em um mar de provocações que só faz afundar ainda mais, o pouco de Educação que temos.

Fica cada vez mais claro, pelo menos para mim, que enquanto os egos quiserem dar as cartas na Educação do País, continuaremos produzindo analfabetos funcionais, que, embora graduados, pós-graduados, são incapazes de realizar as mais simples operações aritméticas, bem como de interpretar os mais simples textos, o que demonstra que de nada adianta colocar todo mundo na universidade, só para aumentar o nível de escolaridade da população.

Todos nós sabemos que o modelo de Educação do País está falido, não produz resultado, não ensina, são números em planilhas e só, há tempos a escola deixou de ser um lugar de aprender e apreender, uns frequentam para não perderem a bolsa-família, outros para comer a merenda, outros para que não seja acionado o Conselho Tutelar para os pais, estudar, poucos vão para isso, ainda que haja esforço de muitos professores para reverter o quadro.

A Educação do País só terá grandes resultados, quando houver realmente um projeto que comece na Educação Básica e reestruture toda rede de ensino para que quando o aluno chegue ao nível superior, ele esteja de fato apto para estar naquele lugar. Por mais que queiramos ver mudanças imediatas na Educação, não daremos novos passos, enquanto ficarmos discutindo ideologias partidárias, ao invés de sentarmos para construir, de fato, um único projeto para Educação.


Quando não se respeita regras, não há limites

março 15, 2019

Vivemos tempos tenebrosos, de ódio latente, onde é nítido e notório que ninguém respeita mais nada, estamos vivendo tempos em que cada um pensa exclusivamente em si, não se respeita leis, regras, opiniões discordantes e todos fazem o que querem, mesmo que prejudique o outro, isso já não importa mais. Depois, não adianta ir às redes sociais lamentar por tragédias, pois quando não se respeita regras, não há limites.

Há tempos que assistimos quietos e calados um movimento crescente de desrespeito às regras, às leis, um falta de educação crescente e uma banalização da transgressão, transgredir passou a ser encarada como um ato de rebeldia e assim, fomos vendo uma geração crescer achando normal e certo, não respeitar nada e ninguém, se eu quero, faço, ainda que seja fora da lei. Os vários casos de políticos presos são bons exemplos.

Hoje todo mundo quer ter seus direitos, mas, ninguém, quer saber de cumprir os seus deveres, o outro é só o outro que só ganha importância quando ocorre alguma tragédia, aí, alguns mais sensíveis às questões humanas, se dão contam que nossa sociedade está doente e, está sim, doente, egocêntrica e totalmente transgressora das regras e leis que estabelecem a boa convivência entre os seres humanos.

E cada dia que passa, pior o ser humano fica e, revestidos de donos da razão, ninguém mais respeita o direito do outro, aos poucos o ódio foi fomentado de tal forma, que acabamos segmentados em grupos e guetos, não vivemos mais em sociedade. Agora o que vemos é uma terra em que se pode tudo, ainda que esse tudo desrespeite as regras, as leis, os direitos do outro ou ainda venha a prejudicar a integridade física, psíquica e moral do outro. Uma verdadeira crise de civilidade.

É incontestável que perdemos a mão, não se tem mais educação, não se tem mais solidariedade e estamos rodeados de pessoas frias e calculistas, egoísta, mesquinhas e que não sabem mais como conviver em sociedade. Não há mais espaço para diálogos, para opiniões contrárias, para réplicas e tréplicas, não há mais respeito, não há mais esperança, não há mais nada de bom a nossa volta.

Perdeu-se totalmente a decência, a ética e jogaram no lixo as regras da boa convivência, parece não haver um caminho que nos leve de volta a velha ordem, parece que agora desrespeitar a lei é normal, cobra-se pelos direitos humanos de bandidos, mas não se protege os direitos do trabalhador, pagador de impostos, uma inversão de valores que passa a mensagem de que se alguém transgredir a lei por uma boa causa será considerado vítima e não culpado.

Assim, com esse comportamento medíocre sendo disseminado na sociedade, sem dar valor à vida, achando que bandido é vítima da sociedade, que roubar nem sempre é crime, que estacionar em fila dupla não tem nada de errado, que fazer “pancadão” até alta madrugada na esquina da rua é normal, que despeitar professor é lugar comum, chegaremos ao ponto que a convivência entre as pessoas ficará insustentável, pois quando não se respeita regras, não há limites.


Uma Escola mais social

abril 13, 2018

Nestes tempos tenebrosos em que vivemos, onde os valores éticos e o conceito de cidadania estão tão distorcidos e que não sabemos mais ao certo, o que é certo e o que é errado, talvez, só a Escola seja capaz de nos recuperar como seres humanos, mas, para isso, ela precisa ser muito mais social do que educacional. O tempo em que escola era local de transmissão de conteúdo e de conhecimentos, já ficou para trás.

Hoje, principalmente nas periferias, onde se falta a dignidade de um ser humano, uma escola e seus professores, não podem se dar ao luxo de chegar na sala de aula para “passar” a sua matéria, aplicar suas provas, dar suas notas e ponto final. O público frequentador destas instituições precisa muito mais do que saber quem descobriu o Brasil ou saber quanto são duas vezes dois, às vezes aquele dia ela só vai precisar de quem lhe escute.

Quanto lecionei em duas escolas localizadas em regiões periféricas, como substituto por dois semestres, ficou muito claro para mim, que aquele público, sua maioria moradora de comunidades, tinha carências maiores que a aprendizagem, lhes faltavam a vida. Como exigir aprendizagem de um aluno que vê a mãe apanhar toda noite do padrasto? Ou exigir a atenção da menina que chora de cabeça baixa o estupro sofrido em casa?

Deixei a sala de aula por não ter a vocação que se é preciso, mas com  experiências enriquecedoras e que transformou o meu olhar sobre o que uma escola de hoje em dia necessita e dentre tudo, ficou a certeza que uma escola precisa que seus professores sejam mais sociais, não no sentido ideológico da palavra, ou de alinhamento a este ou aquele partido, sociais no princípio filosófico da palavra, pois é preciso conhecer cada aluno.

Com esse olhar mais social dentro da sala de aula, na coordenação, na direção, na Secretaria de Educação, talvez se torne mais fácil melhorar o nível de aprendizado das crianças, pois conhecendo os problemas que as impede de obter um rendimento aceitável, podemos melhorar os seus níveis de atenção e de interesse sobre cada matéria. É certo que não é fácil ter uma visão tão clara da situação, quando se tem classes enormes, em escolas com problemas estruturais e uma visão retrógrada do Governo, daquilo que seja educação.

Mas é certo que o professor, aquele que ganha pouco, que tira cópias com o seu dinheiro, que tem a vocação de lecionar, sabe e sempre soube superar essas dificuldades para enxergar cada aluno seu, como único e é através deste olhar único, que talvez a Escola possa resgatar o sentido de ética e de cidadania e reconstruir, no futuro, uma sociedade, mais justa, menos preconceituosa e muito mais inteligente? Conhecimento, hoje é de livre acesso, mas carinho, amor e apoio, são artigos em extinção.


Quando o país dará importância à Educação?

novembro 24, 2017

Não pode ser admissível, em um país que quer ser uma grande potência mundial que, em pleno século XXI, metade das crianças em idade de aprendizagem, ainda não saiba ler, escrever e contar, pelo menos é isso que mostra uma recente pesquisa divulgada pelo próprio Ministério da Educação. Tal quadro deixa claro o quanto a desigualdade social ainda nos deixará distantes de sermos um país justo.

Por mais que os esforços de docentes e educadores para melhor esse quadro latente de analfabetismo no Brasil, o que fica cada vez mais claro é que não existe e nunca existiu um projeto para a Educação do país, um projeto apartidário, que pensasse a Educação como a verdadeira alavanca para diminuição da desigualdade social e da melhoria da vida das pessoas como um todo. O que fazer pela Educação de verdade?

Países como o Japão e a Coréia do Sul, já deram exemplos práticos de que, quando o país dá importância à Educação, o país se transforma, mas, parece que investir de fato em Educação, não parece ser a prioridade para os políticos brasileiros, afinal de contas, como barganhar votos, se não tiver um projeto ilusório para a Educação? É lastimável que a demagogia política seja maior que a necessidade de transformar o país!

A Educação não pode e não deve ser prioridade deste ou daquele partido político, pois, assim, nunca deixará de ser uma promessa de campanha, já passou da hora de se discutir a Educação para além das plataformas partidárias, não podemos ver o tempo passar e assistirmos, inertes, esse quadro de analfabetismo no país que não diminui nunca. Ou se investe de fato em Educação, ou jamais diminuiremos a desigualdade social.

Quantos docentes e Educadores nadam contra a maré, neste mar de um país que não leva a Educação como prioridade número um? Existem grandes ideias e grandes projetos, que se perdem em meio às promessas políticas, ou que são jogadas fora, após esta ou aquela administração, apenas por terem sido criados pelos adversários políticos. E quem sofre? Quem sofre é o povo que vê, ano após ano, o quadro de analfabetismo crescer.

Quando o país dará a importância para a Educação? Até quanto ainda assistiremos pesquisas mostrando o alto grau de analfabetismo em nossas crianças? Quanto tempo ainda demorará, para que os políticos entendam que Educação não é plataforma de um partido? Até quando assistiremos docentes e Educadores nadando contra a maré? Quando chegará o dia que a Educação derrotará de vez a barreira da desigualdade social. Quando a Educação será, de fato, a nossa bandeira?


A Educação na UTI

setembro 1, 2017

Não é de hoje que se sabe que só conseguiremos mudar, de fato, os rumos do país, através da Educação, mas, para isso, não basta o governo gastar rios de dinheiro em publicidade para divulgar a mudança do Ensino Médio e das bases curriculares do Ensino Fundamental, nem tão pouco, acentuar o discurso em cima da polêmica da Escola sem partido, até porque, a escola não deve ter mesmo, nem partido, nem credo e muito menos, preconceito, aliás, este último é o que mais precisa ser combatido nos bancos escolares.

Há uma estrutura arcaica sustentando a Educação no país, cujos pilares já não estão se aguentando, de tão decadentes, estão prestes a ruir. Não há mais espaço para manter, principalmente no Ensino Público, os conceitos e padrões que norteavam a Educação no século passado, é preciso muito mais do que o autoritarismo do poder diretivo, em que a palavra era a ordem, é preciso restabelecer, urgentemente, a importância da cidadania, ética e valores, direitos e deveres, mas não de forma opressora.

O conceito de Educação se estendeu, não é mais professor ensina, aluno aprende, até mesmo porque, hoje o conhecimento é livre e de fácil acesso, portanto, não cabe mais uma estrutura educacional pautada em concepções ultrapassadas, e que já se mostrou, ao longo do tempo, ineficiente para transformar o país. Hoje não há mais espaço para exigir a mesma educação de ontem, pois as coisas se transformam, as pessoas se transformam e a escola não pode e não deve ficar parada no tempo.

Ainda que esforços isolados de alguns professores, aqui ou ali, na direção de se estabelecer um novo rumo para a Educação, sejam notados, é muito pouco para o quê o país precisa, pois, esses esforços só alcançarão, no máximo, uma sala de aula, uma turma e na melhor das hipóteses, uma escola. São exemplos a serem seguidos, mas que se perdem no meio de uma estrutura decadente, aonde pessoas com pensamentos antigos insistem em manter viva, uma forma ultrapassada de escola, até mesmo como organização de ensino.

Enquanto quem estiver capitaneando os rumos da Educação do país, continuar pensando que os problemas da Educação se resolverão com pequenas e simples mudanças nos currículos e grades escolares, ou com discussões rasas sobre questões ideológicas, ou de credos, ainda veremos um país desigual em oportunidades, em que o preconceito e a opressão serão as molas mestres que sustentarão os corroídos pilares que até hoje mantém em pé, as estruturas educacionais do país e, dificilmente veremos a Educação sair da UTI.


Os pais que não sabem dizer não

julho 28, 2017

Um recente caso gerado pela celeuma entre duas mulheres por conta de um brinquedo deixou bem claro uma situação que vem se tornando cada vez mais corriqueira nos tempos atuais e expôs a olhos nus, a dificuldade que os pais de hoje em dia tem em dizer não aos seus filhos, escancarando o quanto se está criando uma geração mimada e despreparada, que não aceita perder e quer ter tudo, até aquilo que não pode ter.

Já é ponto pacífico entre aqueles que estudam o comportamento humano que saber dizer não, faz parte da educação da criança, pois ela precisa conhecer limites e aprender que não se pode ter tudo na vida e que se quer conquistar alguma coisa, se faz necessário que haja algum esforço próprio para conseguir. Os pais não podem aceitar, passivamente, um bate pé do seu filho, seguido de lágrimas de crocodilo e de pronto, fazerem às suas vontades.

A criança precisa reconhecer nos pais, a autoridade, não um objeto fácil para realizar as suas chantagens e assim, satisfazerem as suas vontades a toda hora. Para alguns pais, parece que dizer não aos filhos é o fim do mundo, muitos até acabam passando por situações vexatórias diante de espaços públicos com os escândalos feitos pelos filhos quando não tem suas vontades satisfeitas naquele instante.

Os pais precisam parar de se colocarem como refém dos próprios filhos, pois, amar não é sempre dizer sim, a criança precisa saber que tem hora que pode e hora que não pode, que aquilo não pertence a ela e que ela precisa respeitar o outro. O quê esses pais pensam que a vida vai entregar aos seus filhos? Dizer sempre sim para os filhos expõe a fragilidade desses pais em educarem os seus filhos para a vida.

Todo pai é uma farol na vida de seu filho, é a luz que o guia por novos caminhos desconhecidos, que ele descobre todos os dias, ele está conhecendo a vida, o perder e ganhar precisa ser ensinado, mostrado e explicado, não é fazendo sempre às suas vontades, que o filho vai aprender o que deve ou não ser feito, muito pelo contrário, assim, o filho vai achar que todos têm à obrigação de satisfazerem às suas vontades sempre que ele queira.

A vida está cada vez mais complicada e competitiva, precisamos preparar nossos filhos para encarar os problemas de verdade e não criar cidadãos fracos, covardes, mimados, que se não conseguem o que querem, dão chiliques e fazem chantagens. Não tenha medo de dizer não ao seu filho, quando ele crescer, vai lhe agradecer por todos os não que você deu a ele. Não tenha medo, dizer não, não vai matar o seu filho e não é nenhum pecado.