A política destruiu as relações humanas

outubro 23, 2020

Houve um tempo em que se dizia que política, religião e futebol não se discutiam, mas se discutia sim, e tudo isso, bem mais amistosamente do que nos dias atuais, hoje a política ganhou uma relevância tamanha, que foi capaz de destruir as relações humanas. Tudo passou a girar em torno das posições políticas, dividiram o país em esquerda e direita e fomentaram o ódio a ponto de não haver mais espaço para tréguas entre um lado e o outro.

Ninguém mais ouve ninguém e nem está interessado em conhecer os pontos de vistas e os argumentos do outro, se não está do mesmo lado, não se precisa ter relações, vivemos em um clima de inimigos, em que o simples fato de se discordar deste ou daquele assunto, faz com essas pessoas sejam transformadas em “imbecis”, “idiotas” e até mesmo consideradas, gado de um rebanho político e isso por ambas as partes.

A convivência tem sido tão hostil, que xingamentos e ofensas viraram palavras de ordem e a discussão sobre qualquer assunto, se transformou, não há mais apenas as discordâncias de argumentos, há insultos e desqualificações rasas de lado a lado e o pior de tudo isso é que  a cada dia que passa, mais e mais se fomenta a discórdia e o ódio da população e não há mais nada, nos dias de hoje, que seja discutido amistosamente.

É muito triste poder constatar que uma população que exalava alegria e felicidade, ainda que com todos os problemas de desigualdade sociais que sempre nos acompanharam e que são tão presentes em nosso país, tenha sido transformada em soldados do ódio por conta de políticas ideológicas, que são sim, passíveis de discordâncias, pois não são donas nem da razão e nem da verdade, muito embora, cada um dos lados, ache que sim.

Hoje a ideologia política massacrou os ideais de um povo alegre e feliz e fez mudar o convívio e as relações humanas, agora é preciso ter muito cuidado com quem se fala, sobre o quê se fala e aonde se fala, um simples comentário despretensioso, ou uma opinião contrária, ou ainda uma discordância sobre qualquer assunto, pode ser o estopim de um linchamento social, sem que se possa ter tempo para defesa ou argumentação.

Até as redes sociais que foram criadas para estreitar laços e interligar as pessoas, facilitando o intercâmbio de oportunidades e de conhecimentos, virou terra dos ignorantes, não digo dos que ignoram os fatos por não saberem, mas os que fazem questão de ignorar por não quererem saber mesmo, ou por acharem que já sabem de mais, ou ainda que estão cobertos de razão e certos de seus posicionamentos e só fazem destilar insultos e agressividade.

É, chegamos ao fim de uma sociedade que perdeu a capacidade de se relacionar, de enxergar o lado bom das coisas, ou melhor, de enxergar todos os lados das coisas, de ser capaz de aceitar a opinião do outro sem ter de brigar, ofender ou ameaçar, se perdeu o respeito, não há mais o que amar nas relações, só existe o ódio, fomentado diariamente pela ira das ideologias políticas, que estão interessadas apenas em ter a soberania e a última palavra sobre tudo que nos cerca.


A polarização idiota

dezembro 13, 2019

O Brasil, definitivamente, acabou como sociedade, estamos vivendo tempos inconciliáveis, tudo fruto de uma polarização idiota, que alguns homens, com sede de poder, resolveram alimentar, diuturnamente. Dividiram o país em dois e criaram uma guerra de “nós contra eles”, que destruiu os valores da boa convivência entre as pessoas, que, de tão cegas, não conseguem entender que é possível ser contra os dois lados.

Essa sede de poder deixou parte da população, ilhada, cercada de babacas por todos os lados, que se acham os mais inteligentes, os mais bem informados, os mais cultos, os que estão sempre certos, os que têm sempre razão, os que fazem a própria lei, os que não respeitam as leis, os que não respeitam a opinião alheia e que não aceitam ouvir que são babacas, mas são! E isso vale para os dois lados desta polarização idiota.

A verdade é que tudo isso está provocando um “Apartheid social”, segregando ainda mais a população que, cada vez mais se fecha em pequenos clãs, em que só circulam os que pensam da mesma forma, os que têm os mesmos gostos, os que estão do mesmo lado da polarização, não há mais passagem pelo caminho do meio, pois a população resolveu escolher um dos lados e viver pelas marginais da sociedade, se atacando mutuamente.

É triste constatar os rumos que nossa sociedade tomou por conta da vaidade de alguns homens que têm sede de poder e que iludem a maioria da população com mentiras e retóricas dissimuladas, como fossem verdadeiros super heróis que vão salvar à vida das pessoas do cruel inimigo. Os dois lados são inimigos, não querem salvar ninguém, a não ser a si próprios e aos seus e a população se digladia fazendo eco à essa polarização idiota.

Tudo isso tem se mostrado cada vez mais irreversível, pois esse racha social incentivou a vaidade pessoal de cada indivíduo, criando um monstro de babaquice, que agora se acha o mais importante da face da Terra, o justiceiro, o que vai acabar com a homofobia, com a violência, com o racismo, com o machismo, com a desigualdade social e vai fazer que toda população pensa tal qual a ele. Ele perdeu a noção de viver em sociedade.

O fato é que o que tem importado nos dias de hoje, é ecoar os acontecimentos de lado a lado dessa polarização idiota, ofender o seu discordante e defender suas bandeiras, a agressão e o ódio são as palavras da vez e se você não está do meu lado, é meu inimigo. Eu não estou em lado nenhum, não queria que o país tivesse sido dividido em lados e tenho muito saudade do tempo em que o brasileiro vivia pacificamente em harmonia. Mas parece que isso, não mais!


Não há mais valores e civilidade

novembro 29, 2019

Hoje, o retrato de nossa sociedade, mostra a sua mais perversa face, não há mais valores e civilidade, perdeu-se o significado da ética e da cidadania, a ponto de vermos pessoas irem contra a justiça para defender bandidos, não há mais respeito às leis e às regras, criou-se a cultura do “eu posso tudo” e agora às pessoas acham que podem mesmo, ainda que tenham que passar por cima de quem esteja à sua frente.

A educação e o respeito para com o outro ficou em algum lugar do passado e as pessoas deixaram de se importar, de verdade, com o outro, ainda que façam postagem em redes sociais mostrando que são solidários e preocupados com as desigualdades, tudo “fake news”. Como podem dizer a verdade se na vida real fazem justamente o contrário? As atitudes da vida real mostram como anda o comportamento das pessoas.

Todo mundo agora se acha o certo, que está do lado correto e que os outros têm a obrigação de respeita sua opinião e suas regras, e aí de quem ousar fazer o contrário! Todo mundo agora está acima da lei, se acha o mais esperto, o mais inteligente e que deve sempre ter a preferência, ainda que ele entre com o carro pela contra mão, que ele pare em fila dupla, que ele ouça a música dele, sem fone de ouvidos, no transporte público ou nas ruas.

As pessoas, hoje em dia, se acham as mais importantes e querem dar lição de moral, como se elas fossem bons exemplos e não aturam quem lhes chamem a atenção pela falta de respeito, pela falta de ética e de cidadania, por extrapolar o direito alheio. – Mas quem é esse que quer ter mais direito do que?  Eu é que tem o direito e você tem o dever de me respeitar, pois está sempre errado. As pessoas hoje, não erram, quem erra é o outro, sempre o outro.

Criou-se a cultura da vitimização no país e as pessoas se acham vítimas de tudo, culpando o outro por tudo que lhes aconteça, pois se institucionalizou o coitadismo e às pessoas se auto declararam, vítimas e querem, não, exigem, respeito. Quem pode querer exigir respeito do outro, quando não é capaz de reconhecer que o outro tem os seus direitos? As pessoas esqueceram os valores a ponto de não reconhecerem os seus deveres.

A sociedade adoeceu de uma tal maneira, que nem mesmo opiniões contrárias são respeitadas e ai de quem discorde, sofre xingamentos e é rotulado de vários nomes, apenas por defender seus pontos de vistas, ou pior ainda, por estar do lado da lei. A verdade é que algumas, não, muitas pessoas querem que tudo seja do jeito que elas acreditam ser o certo, pois elas são vítimas e os contrários são inimigos e não merecem respeito.

O pior é que a coisa só tende a piorar, pois as pessoas são incitadas, diariamente, a não respeitarem o outro, se o outro pensa diferente, ele não tem direito a nada, nem mesmo a preferência na mão de trânsito, nem no assento do onibus, nem na fila do banco, não merece bom dia, não merece cumprimento algum, somente o dever de respeitar os direitos dessas pessoas que não sabem mais o quê são valores e nem quais são seus deveres.


É preciso ter respeito

novembro 22, 2019

Hoje não vou contar nenhuma aventura, vou contar uma coisa muito grave que está acontecendo na minha escola, os meninos mais velhos, agora começaram a chamar o Alex, de mulherzinha, só porque ele usa brinco, tem o cabelo pintado, só fica com as meninas e anda rebolando, é o jeito dele, ninguém tem o direito de ficar xingando o Alex. E ele é muito legal, com todo mundo, mas os meninos mais velhos não param de provocar ele.

O Alex é novo na escola, ele veio de outra cidade e está morando lá no meu prédio, já virou um dos meus melhores amigos, mas ele anda muito triste, e eu também, com tudo que estão fazendo com ele. Outro dia falei para o meu pai e ele me disse que menino é assim mesmo, daqui a pouco eles viram amigos.  Falei com a minha mãe, e ela falou que daqui a pouco eles param, é que ele é novo na escola. Pode até ser, mas todo dia eles xingam e provocam o Alex.

Outro dia eu e a Joana estávamos no pátio brincando, quando os meninos mais velhos começaram a chegar e foram cercando o Alex, xingavam ele, passavam a mão no cabelo dele, empurravam ele, aí não aguentei.

– Ei vocês querem parar com isso!

Um dos grandões ainda gritou:

– Fica quieta, pirralha!

Fiquei tão nervosa que chutei a canela do menino! A inspetora viu e ainda me levou para diretoria. Os meninos mais velhos, fugiram e a Joana me contou depois, que ele foi chorar no banheiro. Também contei tudo o que os meninos mais velhos estavam fazendo com o Alex. A diretora falou que tomar providências, duvido! Quando fizeram bullying com o Zé Augusto, ficou por isso mesmo, até que ele machucou um menino e foi expulso da escola. Não vou deixar isso acontecer de novo.

Depois daquele dia, o Alex ficou sem ir para escola uns três dias, fui até a casa dele, mas ele nem quis falar comigo.

– Joana, você vai ter de me ajudar a resolver o problema do Alex.

– É, faz tempo que ele não vem pra escola, né?

– Então, desde aquele dia que eu fui pra diretoria.

– Foi por causa dos meninos que ficam xingando ele.

– A gente precisa fazer alguma coisa!

– Mas o Alex não veio pra escola mais. Será que ele está doente?

– Não sei. Já fui na casa dele e ele não quis me responder.

Depois de uma semana sem aparecer, a gente ficou sabendo que o Alex tinha saindo da escola. Fiquei muito chateada, mas muito chateada mesmo, que quis até pedir para meu pai também me tirar dessa escola também, pois depois daquele dia, os meninos mais velhos também ficaram me xingando, só porque eu defendi o Alex.

A Joana ficou triste porque falei que se aquilo continuasse eu ia sair da escola, lembrei até do que meu o meu pai falou na história que aconteceu com o Zé Augusto, que quando a gente está com raiva, faz muita coisa sem pensar. E eu tava com muita raiva daqueles meninos.

– Não fica assim, Helena, não precisa sair da escola por causa desses meninos.

– Mas não é certo, Joana.

– A gente fala pra nossas mães virem falar com a diretora.

Mas eu estava com tanta raiva daqueles meninos, que queria que eles sumissem. Então já que a gente falou com a diretoria e ela não fez nada, quem sabe a ideia da Joana não resolvia, já que aqueles meninos mais velhos não respeitavam ninguém. Meu pai e minha sempre falaram pra mim que era para sempre respeitar os outros, mas agora ninguém quer respeitar mais ninguém!

Contei tudo para minha mãe  e ela se reuniu com algumas mães de alguns dos meus colegas e foram falar com a diretora para falar que aquilo não podia continuar, não era certo aqueles meninos do ensino médio, ficarem fazendo isso com a gente. Até que deu certo, viu? A diretora chamou os pais daqueles grandões e eles mudaram um pouco. Mas eu ainda vejo na hora do intervalo, eles xingando e provocando alguns meninos e meninas das outras turmas. Outro dia até quiseram me provocar, mas eu nem dei bola.

Já que eles só fingiam que mudaram, sabe que eu fiz? Eu e a Joana, mais o Paulinho e a Talita, fizemos um grupo no facebook e colocamos lá, todo dia, tudo o quê aqueles meninos falam e fazem na escola. Já que eles não querem respeitar as outras pessoas, todo mundo vai ficar sabendo como eles são de verdade. Tudo bem, eles até ficaram com mais raiva de mim, mas já avisei para o meu pai e para minha mãe. Se eles não pararem de desrespeitar todo mundo, vou querer sair daquela escola.


A hipocrisia dos tempos atuais

agosto 23, 2019

Não consigo identificar em qual parte da jornada, nossa sociedade perdeu por completo, a capacidade de compartilhar a inocência da vida, o amor verdadeiro e a compaixão entre os seus semelhantes. Hoje vivemos na sociedade mais hipócrita de todos os tempos, onde pessoas são capazes de postar nas redes sociais para pedir que se salve uma floresta, mas são incapazes de respeitar o direito individual do seu semelhante. Que sociedade é essa?

Uma sociedade formada por pessoas emocionalmente fracas, que postam fotos sorridentes nas redes sociais, mas que não conseguem conviver com àqueles que pesam de forma diferente. Pessoas que se vitimizam em quaisquer situações, culpando sempre o outro de suas derrotas e de seus desvios de comportamento, esbanjam cidadania para “lacrar” nas redes sociais, mas não conseguem parar na faixa para deixar o outro atravessar a rua.

Uma sociedade em que muitos vomitam regras de comportamentos e de como seria o jeito correto de se viver, mas que morrem sufocados com o regozijo de suas atitudes, quase sempre, não condizentes com seus discursos, feitos para acompanhar a massa hipócrita que quer ditar o jeito de ser. Mas a verdade, é que não há mais amor entre as pessoas, vemos o ódio alimentar, diariamente, o monstro que engoliu a sociedade que podíamos ser.

Parece que não cabemos no mesmo lugar, de tanto ódio que nutrimos um pelo outro e a hipocrisia se faz ainda mais aparente quando a incapacidade de entender que o outro tem os mesmos direitos, dá a sua cara, e o melhor lugar para se enxergar isso, é no trânsito, podem reparar. No trânsito, a hipocrisia da sociedade se faz presente, não se respeita o direito do outro, toda regra é feita apenas para atender a mim, o outro é que se dane.

No trânsito conhecemos a verdadeira falta de civilidade das pessoas que postam mensagens de amor nas redes sociais para mostrarem aos outros, o quanto são do bem. Uma sociedade hipócrita, isso é o que somos! Uma sociedade, que na vida real, não consegue respeitar o mínimo da regra da boa convivência, que está sempre pronta para o enfrentamento, que quer a briga, não o abraço, que prefere o ódio não o amor.

Por quanto tempo vamos nos aturar como sociedade? Será que vamos nos aturar novamente? Será que ainda seremos uma sociedade em que o amor virá antes do ódio? Em que as pessoas sejam capazes de respeitar umas às outras, mesmo que elas não sejam quem queiramos que fossem? Será que um dia o discurso que invade as redes sociais será praticado diariamente na vida real? Até quanto tempo durará toda essa hipocrisia?

Espero muito, que todo esse sofrimento, todas as angústias, às crises de ansiedade, a impaciência, a intolerância, a falta de compaixão que alimentam, hoje em dia, o ódio das pessoas, sejam capazes de expurgar essa hipocrisia da vida de cada um e que ainda, de alguma maneira, possamos conviver com um mínimo de respeito um com o outro, sendo o menos hipócrita possível, buscando alinhar nossos discursos às nossas atitudes e aceitando que nem sempre estamos certos e temos razão.


Quando não se respeita regras, não há limites

março 15, 2019

Vivemos tempos tenebrosos, de ódio latente, onde é nítido e notório que ninguém respeita mais nada, estamos vivendo tempos em que cada um pensa exclusivamente em si, não se respeita leis, regras, opiniões discordantes e todos fazem o que querem, mesmo que prejudique o outro, isso já não importa mais. Depois, não adianta ir às redes sociais lamentar por tragédias, pois quando não se respeita regras, não há limites.

Há tempos que assistimos quietos e calados um movimento crescente de desrespeito às regras, às leis, um falta de educação crescente e uma banalização da transgressão, transgredir passou a ser encarada como um ato de rebeldia e assim, fomos vendo uma geração crescer achando normal e certo, não respeitar nada e ninguém, se eu quero, faço, ainda que seja fora da lei. Os vários casos de políticos presos são bons exemplos.

Hoje todo mundo quer ter seus direitos, mas, ninguém, quer saber de cumprir os seus deveres, o outro é só o outro que só ganha importância quando ocorre alguma tragédia, aí, alguns mais sensíveis às questões humanas, se dão contam que nossa sociedade está doente e, está sim, doente, egocêntrica e totalmente transgressora das regras e leis que estabelecem a boa convivência entre os seres humanos.

E cada dia que passa, pior o ser humano fica e, revestidos de donos da razão, ninguém mais respeita o direito do outro, aos poucos o ódio foi fomentado de tal forma, que acabamos segmentados em grupos e guetos, não vivemos mais em sociedade. Agora o que vemos é uma terra em que se pode tudo, ainda que esse tudo desrespeite as regras, as leis, os direitos do outro ou ainda venha a prejudicar a integridade física, psíquica e moral do outro. Uma verdadeira crise de civilidade.

É incontestável que perdemos a mão, não se tem mais educação, não se tem mais solidariedade e estamos rodeados de pessoas frias e calculistas, egoísta, mesquinhas e que não sabem mais como conviver em sociedade. Não há mais espaço para diálogos, para opiniões contrárias, para réplicas e tréplicas, não há mais respeito, não há mais esperança, não há mais nada de bom a nossa volta.

Perdeu-se totalmente a decência, a ética e jogaram no lixo as regras da boa convivência, parece não haver um caminho que nos leve de volta a velha ordem, parece que agora desrespeitar a lei é normal, cobra-se pelos direitos humanos de bandidos, mas não se protege os direitos do trabalhador, pagador de impostos, uma inversão de valores que passa a mensagem de que se alguém transgredir a lei por uma boa causa será considerado vítima e não culpado.

Assim, com esse comportamento medíocre sendo disseminado na sociedade, sem dar valor à vida, achando que bandido é vítima da sociedade, que roubar nem sempre é crime, que estacionar em fila dupla não tem nada de errado, que fazer “pancadão” até alta madrugada na esquina da rua é normal, que despeitar professor é lugar comum, chegaremos ao ponto que a convivência entre as pessoas ficará insustentável, pois quando não se respeita regras, não há limites.


Como cobrar respeito se não há respeito?

outubro 12, 2018

Cada pessoa é única em seus defeitos e em suas virtudes, cada qual vai moldando a sua vida de acordo com as experiências que vive e que nem sempre são boas, mas são essas experiências, as responsáveis pelas mudanças que cada um coloca em sua vida diariamente e o outro, não tem o porquê de questionar essas escolhas individuais, precisa apenas, respeitar, certo ou errado, a vida é de cada um.

Cada pessoa enxerga a vida sob a ótica daquilo que lhe faz feliz, ou daquilo que poderá lhe fazer feliz, a felicidade é relativa, ela é única em cada um, às vezes, para uns, observar uma gota da chuva caindo sobre a folha é a coisa mais linda do mundo, mas, para outros, um dia cinzento é bem melhor do quê um dia ensolarado à beira mar. Cada qual se adapta no meio em que vive, mas sem perder o quê é mais importante para si, e isso precisa ser sempre respeitado, concorde você, ou não.

As escolhas que cada pessoa, enquanto indivíduo faz, vão ao encontro de tudo o que este indivíduo acredita ser o mais certo para sua vida, acertos e erros fazem parte da sua evolução e, ninguém, tem o direito de lhe ofender por essas escolhas, pois as escolhas individuais não precisam ser a mesma, uma da outra, nós não somos iguais. Talvez o quê você ache ser importante para sua vida, não faça nenhum sentido para a vida do outro. O que precisa haver é respeito.

Respeito não tem nada a ver com gostar, você não precisa gostar da vida da pessoa, aliás, você nem precisa gostar da pessoa, você precisa respeitar as suas escolhas, pois cada qual vive a vida como pode e como acha que deve, não cabendo a ninguém dizer o quê é certo ou errado. Aquele que acha que o que pensa é o certo e que o outro é um ser humano inferior por ser e pensar diferente, só deixa transparecer a verdade da sua alma, que é cheia de arrogância e prepotência.

Ninguém tem o direito de moldar a vida do outro conforme a sua vida, muito menos achar que o outro deva viver sobre uma mesma lógica e ter que achar que tudo seja normal na vida. Todos têm o direito de não concordar, pois não há nada que faça dois seres humanos iguais, ainda que anseios e expectativas sejam parecidos, porque viver é prerrogativa de cada um. Quando você cobra para que o outro, viva de acordo com a sua vontade, você só demonstra a falta de respeito que você sente, mais nada.

A vida é um risco e cada qual deve correr os seus, por isso, ninguém deve querer impor ao outro, suas escolhas e suas vontades, a vida de cada um, pertence a cada um e ninguém deve obrigar o outro a nada, portanto, antes de se colocar como quem está sempre certo, que sabe o que é melhor, respeite as opiniões e os pensamentos alheios, para poder ser respeitado por suas escolhas. Quando alguém ofende o outro por escolher diferente, nunca tem razão, pois ainda não aprendeu o quê é respeito.


Não há mais amor ao sul do Equador

maio 4, 2018

Não tem sido nada fácil viver ao sul do Equador, o amor se perdeu em alguma curva da estrada e o poder se tornou mais importante do que a própria vida, agora o que vemos é ódio, muito ódio pelo semelhante. Não há mais convergências, só as divergências é que interessam e que incitam cada vez mais o ódio entre as pessoas. E a quem interessa esse ódio? A mim não interessa, interessa a você?   

Por conta de defenderem políticos inescrupulosos que não estão e nunca estiveram preocupados com o bem estar das pessoas, e sim com os seus e de seus pares, mergulhamos na escuridão da falta de respeito, da ofensa gratuita, das ameaças, da irritabilidade, da instabilidade emocional e a troco de quê? Por que as pessoas estão se alimentando tanto deste ódio que não lhes acrescenta nada em suas vidas?

É triste ver, viver e ter que conviver com tanta manifestação de ódio, assistir as pessoas fazendo coro com quem está querendo livrar a sua pele de problemas judiciais e que para tornar isso possível, faz questão de atirar pessoas contra pessoas, instalar o caos, fomentar o ódio, para depois se colocar como Salvador. Quem quer o bem, jamais usaria o mal para atingir o seu objetivo, quem deseja o mal, quer mesmo é que as coisas continuem de mal a pior.

E vamos sucumbindo, dia a dia, diante de um quadro que parece irreversível, em que tanto ódio só poderá desaguar em um rio de sangue, aonde pessoas inocentes se matarão em nome do amor de quem só faz o ódio aumentar entre os iguais. Nada parece ser possível para acalmar os ânimos e o amor parece não estar mesmo mais ente nós, pois nem mesmo uma tragédia que deveria nos unir na dor, só fez aumentar ainda mais o ódio de um lado ao outro.

Hoje em dia, qualquer manifestação de ideia contrária a este ou aquele lado, é faísca para acender um pavio curto e incendiar o país inteiro de ódio. Por que quem diz que quer pacificar, incita tanto para que haja uma guerra? Não haverá heróis. A história deixará marcada em seus livros que bandidos destruíram um país através da disseminação do ódio entre as pessoas, para poderem ficar no poder eternamente, se locupletando do dinheiro público.

Até quando vamos aguentar? Ainda não dá para saber, mas temo pelo que ainda possa vir, pois aquele velho país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, ruiu, frente à sede de poder de homens que fazem das suas vaidades, a arma para convencer que o amor não faz sentido se eles não estiverem no poder, que só ódio será capaz de reconduzi-los aos seus pedestais de arrogância e ganância. Para essas pessoas, o amor não tem mais lugar por aqui.


Tempos inglórios

março 31, 2017

– Eu vou te prender!

– Se me prender eu te mato!

– Eu sou a lei!

– Eu faço a lei!

– Você é um empresário caloteiro!

– Você e sua corja são vagabundos!

É assim, nesse tom de ameaças e de desrespeito que temos vivido nos últimos tempos, não existe mais um mínimo de diálogo entre as pessoas. Só gritos inflamados. Com os egos inflados, vivemos tempos de birras e disputa de autoridade, que já descambou para as raias do “autoritário”. Ninguém quer dar o braço a torcer. Morrerão os dois lados, culpados, sem nenhum dos dois terem razão, e o povo é quem ficará com a conta, como sempre.

As coisas estão tão ferventes que não há espaço para que pessoas exponham suas opiniões, pois, ou de um lado, ou de outro, a opinião estará sempre equivocada, até porque, acabará desagradando um dos lados e isso já basta para ataques de ofensas. Não há o quê falar, porque ninguém está realmente disposto a ouvir. Querem só vomitar suas certezas sobre aqueles que não sabem, quem ao certo está ou não com a razão.

E a cada dia que passa mais estreita fica a distância do pavio das pessoas. Hoje, todos andam com pedras na mão e, às vezes, as atiram apenas porque estão vendo que outras pessoas estão atiram as suas. A razão está perdendo a guerra para o ego. O não querer admitir qualquer equívoco que seja, faz com que a situação piore cada vez mais e os dois lados, cheios de razão, cavem o mesmo buraco em que todos vão habitar.

Tempos inglórios, de desesperança, não apenas na situação crítica em que vivemos, mas com o ser humano, que se recusa abaixar a guarda, cada qual, quer ter a razão absoluta sobre qualquer assunto, não há margem para pontos de vistas discordantes, para conversas que aparem arestas, nem para se discutir idéias que possam convergir para um mesmo lugar. Cada lado se acha o salvador que está matando o povo aos poucos.

A situação é tão triste, que tem até quem culpe o outro, por tudo o que lhe está acontecendo, mas não é capaz de admitir que o outro, possa lhe ser divergente e, em nome do bem do povo, culpa o outro pelo que está passando. Os lados tomaram para si o que acham o quê seria o bem para o povo e, por arrogância, prepotência, falta de humildade, picuinha, ou sei lá mais o quê, decretaram que não haveria mais paz e o povo, perdido, serve apenas de massa de manobra.

Assim, os dias caminham cada vez mais tensos, com as pessoas segurando facas nas bocas, pedras nas mãos e tampões nos ouvidos, prontos para brigarem ao menor sinal de negação de suas opiniões. Até quando? Talvez até todos ficarem sem voz de tanto gritarem sem ouvirem o que dizem. Que esses tempos inglórios nos deixe uma lição e que possamos, realmente, transformar as relações humanas por um lugar melhor para se viver em paz.


Por uma Escola que ensine a respeitar

julho 29, 2016

Longe de querer entrar na discussão sobre Escola sem partido, mesmo porque, para mim, uma escola não deve privilegiar nenhuma ideologia partidária, nem tão pouco, nenhuma doutrina religiosa, o que deveria estar em pauta é a fomentação de uma Escola que ensinasse a respeitar as opiniões distintas, as diversidades, as ideologias partidárias, as doutrinas religiosas, as classes sociais e, acima de tudo, a individualidade de cada ser humano.

A função da Escola não é a de defender essa ou aquela ideologia, muito menos ser de esquerda ou de direita, a função da Escola é abrir o horizonte de possibilidades e dar as ferramentas necessárias para que cada aluno seja capaz de formar o seu pensamento crítico a cerca de qualquer assunto, reunindo condições para desenvolver o discernimento e decidir de acordo com as convicções que ele formou sobre tudo o que lhe foi mostrado.

Não se forma um cidadão pleno, possuidor de seus direitos inabaláveis, capaz de lutar pelo acredita, ocultando informações ou situações e acontecimentos, pra dar a esse ou aquele, uma visão equivocada do que realmente aconteceu. Nenhuma escola, enquanto instituição responsável pela formação dos jovens, tem o direito de forjar fatos para que o conhecimento só atenda um lado da verdade, mesmo porque já é sabido que toda história tem três lados.

Enquanto o destino das Escolas, permanecer em níveis que busquem atender esse ou aquele lado da corda, continuaremos a muitos anos luz de ter uma população que reúna às condições suficientes para decidir os melhores caminhos a seguir. A Escola não é um lugar de uma única opinião, de um único ponto de vista, também não pode ser um lugar de uma única ideologia, ou de uma única doutrina. Uma Escola é e deve ser sempre plural.

E a questão está justamente aí, querer fazer da Escola um lugar monocórdio, que grite em uníssono o mesmo mantra, é caminhar para trás, é retroceder nos avanços conquistados por trabalhos árduos de grandes educadores. Enquanto este for o pensamento de quem pensa o que seja uma Escola, continuaremos formando uma massa de analfabetos funcionais, papagaios repetidores de velhas teorias ultrapassadas, que já se mostraram incapazes de fazer uma grande revolução na Educação como se deseja.

Por isso, já passou da hora de pensar a Escola como ela deve ser pensada, um lugar de conhecimento pleno, aberto a discussão, sem pender para este ou aquele lado. Acima de tudo, já passou da hora de fazer da Escola um espaço de se aprender a respeitar e não um lugar de se induzir o quê respeitar. E nenhuma ideologia partidária ou doutrina religiosa é dona do melhor caminho a se seguir. A Escola deve ser o espaço onde a liberdade de escolha e o respeito, sejam a maior bandeira.