A dificuldade de se escrever uma história

abril 28, 2023

Antes, a maior dificuldade de um escritor, dramaturgo, ou de um roteirista era o bloqueio criativo, afinal, enfrentar uma folha em branco quando as idéias não vêem é realmente desafiador, mas, hoje em dia, isso não chega nem aos pés das principais preocupações que um escritor tem para contar alguma história. Antes até mesmo de começar a colocar a sua história no papel, o escritor precisa decidir se está disposto, ou não, enfrentar a patrulha ideológica.

Esse tal movimento progressista fiscalizador do que seja o certo e o errado, segundo a sua ideologia, exerce uma pressão descabida sobre os escritores, os ameaçando de cancelamento, caso sua história esteja em desacordo com o que eles julgam que deva acontecer. Na verdade, eles não têm preocupação com a narrativa de uma escrita, nem mesmo com a realidade, querem apenas que as histórias retratem as fantasias da vida que eles pensam viver.

O pior e mais grave disso tudo, são que editoras, produtoras, companhias de teatro, se rendem a esses barulhentos ideológicos, querendo pautar as histórias, forçar situações dramáticas, inventando personagens que não condizem com a história (vide a polêmica com a Cleópatra Preta), determinando cotas disso ou daquilo em cada história, jogando fora a criatividade autoral de quem escreve, em nome de atender grupos que se sentem vítimas até mesmo por estarem vivos.

É, realmente não está nada fácil ser escritor nestes tempos sombrios e agora, além da patrulha ideológica, há um obscuro movimento de censura sendo arquitetado nos porões da política brasileira, que quer impedir a liberdade de expressão, de opinião, criando uma lei para que tudo que venha a ser dito, só possa ser publicado se estiver de acordo com à verdade que eles determinam e determinarão. Está ficando ainda mais difícil ser escritor por aqui, até mesmo escrever uma ficção.

E se não bastasse tudo isso, ainda criam outras dificuldades que alguns escritores têm de enfrentar, além de escrever uma boa história, aliás, isso nem é a prioridade para os segmentos que usam a escrita como ponto de partida de seus produtos dramatúrgicos. Entre essas dificuldades está o preconceito com quem não faz parte de nenhuma minoria ideológica, ou até mesmo com quem é considerado velho demais para escrever. Olha só a que ponto chegamos, hein? Outrora, quanto mais velho, mais respeitado o escritor!

Mas, há de se continuar, apesar e acima de tudo, pois escrever vai muito mais além do que qualquer patrulha ideológica ou de qualquer verdade imposta na base da censura, escrever é missão e quem a abraçou e aceitou seguir por esse caminho, não pode e nem deve se acovardar com ameaças dos que tentam lhe impedir de realizar o seu trabalho. É certo, que muitos já estão acovardados, com medo de ferir o chamado “politicamente correto”, mas há de se continuar, tal “Dom Quixote”, porque escrever é preciso!


A Criatividade é a mãe de toda a história

junho 24, 2022

É certo que escrever é um ofício que precisa ser praticado diariamente, mas, muito mais importante que a repetição de se escrever todos os dias, está saber usar à criatividade. A criatividade é a mãe de toda a história, é ela quem dá o tempero para se falar sobre um mesmo assunto, por várias e várias vezes, é ela quem tem de ser despertada quando queremos escrever uma nova história e é ela quem nos salva da mesmice e da repetição.

Muitas pessoas querem saber sobre as técnicas para se escrever textos para teatro e roteiros cinematográficos, mas as técnicas são apenas ferramentas que nos orientam no caminho de contar às nossas histórias, o exercício diário também nos ajuda na hora em que nos for preciso transpirar para dar continuidade em nossas histórias, mas, definitivamente, é a criatividade quem faz toda a diferença na hora de se escrever um enredo dramático.

A criatividade é quem determina a qualidade de um texto, só ela é capaz de separar o que já foi, por diversas vezes dito, é ela quem dá o frescor naquela batida história de amor, de assassinato do patrão, nos casos de traição, nos crimes e nos romances, exaustivamente contados por tantos e tantos escritores, conseguir desenvolver a criatividade na hora de escrever, é tão ou mais importante do que qualquer outra técnica.

Às vezes, se sabe todas as técnicas, como empregá-las em uma história, seus pontos de viradas, seu clímax, sua peripécia, sua revelação e até o seu final, domina-se a língua, escreve-se com perfeição, mas a história se mostra chata, não causa interesse, ou até mesmo não se alcança o seu desenvolvimento e por quê? Porque a criatividade não se fez presente, aprender a trabalhar a criatividade é um dos principais ensinamentos para quem quer escrever histórias.

Mas como aprender sobre a criatividade? Criatividade é a capacidade de inovação diante das situações que envolvem os comportamentos dos seres humanos e saber aplicar essa capacidade para inovar na forma e na maneira de contar sua história, é a chave do sucesso para sua história. A criatividade sempre está no absurdo, no imaginável, no que foge ao lugar comum, é preciso se livrar de todos os preconceitos para poder navegar nas ondas da criatividade e assim fazer a diferença com sua escrita.

Criar vai muito além de se ter uma ideia, criar uma história vai muito mais além do que saber escrever um enredo maravilhoso, criar é colocar a serviço de sua escrita, toda a sua criatividade, pois é ela quem vai te diferenciar de todos os outros que estão na mesma estrada contigo, é ela quem vai determinar teu traço e teu estilo, pois, uma coisa eu aprendi nesta minha jornada, a Criatividade é mãe de todas as histórias.


Ainda viverei só das letras

setembro 14, 2018

Durante toda a minha vida, às letras rondaram o meu universo pessoal, mas, por obra do acaso, acabei sendo guiado pelos números e as letras acabaram se tornando o meu antídoto para aliviar a loucura que os números causaram e causam em minha vida. Hoje, ainda muito mais pela sobrevivência, são os números que dão as cartas em minha vida, até porque, não é nada fácil viver das letras em nosso país, que prefere valorizar a histeria que os números causam em detrimento da paz que as letras trazem.

Confesso que não é nada fácil manter o equilíbrio entre números e letras em minha vida, principalmente quando depois de tanto caminhar dividido, vivendo de números e me alimentado de letras decidi qual seria o melhor caminho, caminho este que, lá no fundo, sempre soube que era o que deveria ter seguido, mas, nem sempre querer é poder e os números nunca deixaram que as letras ocupassem de vez todo o espaço de meu universo pessoal, apesar de tantas insistentes tentativas.

Depois de uma vida inteira vivendo sobre a regência dos números, o desgaste de tal atividade já é tão latente em minha vida, que não há mais a resistência do corpo e nem da alma, para permanecer permitindo o domínio dos números em minha vida. Hoje vivo uma certa asfixia, pois as letras, mais e mais vão ganhando espaço em meu universo pessoal, só que ainda não são capazes de me oferecer a sobrevivência financeira que os números nunca me negaram.

Todos os dias eu travo uma árdua luta para ainda aceitar a soberania dos números em minha vida, pois viver deles não faz mais sentido para mim, só que, mesmo com todo esse tempo, ainda são eles que, vez ou outra, me trazer novas oportunidades e que dificultam ainda mais as coisas. As letras também, vez ou outra me trazem um afago, uma centelha de reconhecimento, alguma esperança de mudança, mas nada que me dê à segurança de uma sobrevivência digna, que os números ainda são capazes de me oferecer.

Tenho traçado planos, refeito metas, buscando estratégias para mudar minha vida e assim trocar os números pelas letras, pois há tempos as letras deixaram de ser apenas um alívio para o estresse dos números, e tomaram de assalto o meu universo pessoal, como no fundo sempre senti que fariam, mas não consigo encontrar espaços para que as letras descubram um lugar que me dê à oportunidade de deixar de vez os números para trás e, assim, permitir que elas tomem conta de meu universo pessoal de vez.

Ainda não desisti, pois sei que mais cedo ou mais tarde, às letras encontrarão às oportunidades que ainda hoje são tão difíceis de encontrar, até porque, todos os esforços que tenho feito para que elas cheguem ao maior número de pessoas e alcance quem as reconheça, valerá à pena. E aí então, as letras poderão ser de vez, as donas do meu universo pessoal e não alimentarem apenas a minha alma, mas também meu corpo, me dando enfim, as condições de poder viver e manter a minha vida.


A dureza e a delícia de escrever

dezembro 1, 2017

Nesta semana terminei mais um módulo de uma oficina de Dramaturgia, uma oficina na acepção da palavra, pois, depois de prepararmos os textos para serem apresentados, ficou bem claro para todos que participamos, o quanto ainda temos que quebrar pedras até conseguirmos chegar à melhor forma possível para contarmos nossas histórias. Eis a verdadeira representação de que, para criarmos, precisamos de 1% de inspiração e 99% de transpiração.

Não dá para, simplesmente, agruparmos as nossas ideias, organizarmos diálogos de palavras soltas e colocarmos nas bocas das personagens para acharmos que temos um texto pronto para Teatro. Uma ideia é muito pouco para termos uma boa dramaturgia, há de se garimpar sentimentos, se esmiuçar anseios e desejos e ouvir o quê cada personagem tem a nos contar sobre si e sobra a sua história, até chegarmos ao ponto final do nosso texto.

Pode até parecer fácil quando estamos sentados, confortavelmente, em uma cadeira, assistindo a um espetáculo teatral, ver aqueles personagens conversando entre si, narrando suas aventuras e desventuras, nos comovendo, ou nos frustrando, não temos a dimensão exata de quão trabalhoso foi arquitetar aquele texto desde a sua ideia até o seu ponto final, muitas pessoas nem imaginam a dureza do prélio que o autor trava para preencher a folha em branco com sua história.

Mas é aí que reside a beleza da opção pela escrita, pois não é por que se sabe bem a língua, que se têm várias ideias na cabeça, que se tem talento para escrever, que a estrada ficará mais fácil, escrever é exercício diário, é abrir mão de companhias, é fazer do tempo um amigo para aproveitá-lo a qualquer instante, é estar disposto a frequentar a solidão de uma noite para buscar e rebuscar a palavra perfeita, o diálogo exato, a intenção precisa de cada frase.

Escrever não pode ser um ato da pressa, nem da ansiedade, escrever não pode ser só uma vontade, um capricho, escrever nunca será apenas uma inspiração, há de se transpirar até a própria exaustão. Para exercer o ofício de escritor se faz necessário quebrar muitas e muitas pedras, fazer e refazer a mesma história, sem se cansar, nem desistir, escrever é aprender que o melhor texto só nascerá depois de muito suor e de muita dedicação.

Quem pensa que escrever é trabalho que não cansa, trabalho que se pode executar sem se causar nenhum estresse, ou é um simples hobby, fica desde já convidado a frequentar qualquer uma oficina literária, seja para escrever um livro, um roteiro, ou uma peça de teatro, talvez, assim, seja possível conhecer e sentir na pele, a dureza e a delícia que é se debruçar sobre as palavras para escrever um belo texto ainda que quebrando muitas e muitas pedras.


A arte de contar histórias

janeiro 16, 2013

Contar histórias é algo que seduz qualquer pessoa. Há que conte histórias através de livros, através de roteiros, através de peças de teatro, há os contadores de “causos”, os contadores de histórias, os que contem histórias por canções, por poesias, contar histórias é uma arte que nunca morrerá. Mais de mil anos se passaram e outros tantos passarão e sempre haverá alguém para contar uma história.

Uma história de amor, uma história de violência, uma história triste, uma história alegre, uma história real, uma história inventada, uma história que nos seduz, uma história que não nos interesse; uma história para as crianças, uma história de aventuras. Não importa o conteúdo da história, pois cada contador, da sua maneira, com o seu olhar, com o que acredita a fará parecer a mais original.

Contar histórias é convidar alguém a entrar em um mundo desconhecido ou em mundo por demais conhecido, um mundo encantador, que nos cause aflição ou encantamento, que nos faça sonhar ou nos cause medo, que nos faça viajar para uma vida diferente da nossa, melhor ou pior, que nos mostre o amor ou a guerra. Contar histórias é dar asas para alma, fazê-la voar para além dos limites do nosso olhar.

Ah, e quando se é capaz de se escrever uma história? Criar novos universos, pessoas, cidades, situações, conflitos, amores, inimigos e saber que alguém vai ler, encenar, filmar, convidar a viajar pela nossa criação. Ah, isso não tem preço para quem gosta de contar histórias! Todo escritor é um grande contador de histórias, mesmo que o faça somente através do papel.

O problema é que existem alguns jovens que precisam entender que mesmo que todos possam contar histórias, é preciso saber que para contar histórias através de romances, peças de teatro, roteiros de filmes ou de televisão, não basta gostar de contar histórias, tem de aprender o jeito de como contar essas histórias. Caso o contrário é melhor contá-las através da fala.

Vejo muita gente interessada em escrever novelas e se preocupam apenas em escrever sinopses. Sinopses nunca serão histórias. Sinopses serão apenas planos de histórias que temos para contar. É preciso saber que para ser um contador de história através do papel deve-se, antes de qualquer coisa, gostar de ler e de escrever. E, acima de tudo, buscar aprender como é que se faz, senão nunca será um verdadeiro contador de histórias.

Então respondam: Quem não gosta de contar uma história? Portanto é preciso ter a consciência que há caminhos a serem percorridos, técnicas a serem apuradas, experiências a serem experimentadas, histórias a serem lidas, romances a serem vividos, dores a serem sentidas e muita vida a ser vivida para poder ter muitas histórias para contar, porque a arte de contar histórias, essa nunca morrerá!


O sangue, o suor e a lágrima da criação

julho 24, 2012

Diante de uma folha em branco e do desafio de criar mais uma história, o escritor, dramaturgo ou roteirista tem muitas vezes de chorar lágrimas de sangue para conseguir contar uma bela história. Por mais domínio que se tenha da arte de conduzir uma narrativa, nunca é fácil criar, ainda mais quando as histórias parecem ter sido todas contadas.

A impressão que dá é que não se vai conseguir escrever uma única linha sequer, pois, não é apenas escrever palavras, é preciso contar uma história e esta história tem que ter algo que seja interessante de ser contado, algo que alguém queira ler ou ver e é aí que se derrama sangue, suor e lágrima para se criar uma obra literária.

E essa dificuldade fica ainda maior quando nos lançam o desafio de desenvolver uma história em cima de um tema pré-determinado, aí parece que as idéias fogem, nada parece fazer sentido e não há uma única história que tenha um conflito razoável sobre o tema, uma única pontinha que desencadeie uma ação dramática que valha a pena ser contada. E então, o sangue escorre, o suor escorre, a lágrima escorre…

Engana-se quem pensa ser tarefa simples escrever uma história. Tirar a idéia da cabeça e colocá-la no papel, muitas vezes leva, dias e noites de, escreve e apaga na tela do computador. Ver a peça encenada, o filme em cartaz, ou ler o livro publicado, faz parecer fácil a arte de contar histórias, mas transpor emoções para o papel é trabalho duro.

Só que é esse trabalho duro que lapida a arte de um escritor, é ele que faz possível, criar ações dramáticas que se desencadeiam num elo de outras ações dramáticas, em busca das resoluções dos conflitos que justificam as histórias contadas. É esse trabalho duro que faz o escritor, dramaturgo ou roteirista fugir dos clichês e trabalhar sua criatividade para sempre surpreender.

É claro que nem sempre se consegue escrever uma obra literária de grande qualidade, pois, por mais que se tenha derramado sangue, suor e lágrima, para criar uma história, não se foi suficientemente capaz de desenvolver ações dramáticas que fugissem do convencional para que fizesse dela mais que uma história comum com conflitos comuns.

Mas, é assim: trabalhando duro, misturando inspiração, com sangue, suor e lágrima, que se vai ao encontro da criatividade, para aí sim, ir em busca de escrever uma grande história. Se ela vai surpreender? Sempre se espera que sim. Mas, como vai se saber? O importante de tudo é desenvolver sua arte com verdade, independente de sua história vir a ser um sucesso ou não.


Viver da palavra

maio 8, 2012

Volta e meia vejo discussões sobre como furar o funil dos autores das novelas de televisão e são na maioria das vezes, discussões acaloradas, pedindo oportunidades, mas o funil é muito estreito e não há como não admitir, as oportunidades estão sendo dadas, questionar os critérios não me parece salutar, pois se pressupõe que os que as têm, não são capazes, só que temos visto que não é verdade, vide as novelas que estão no ar.

Talvez o grande problema dessas discussões esteja no âmago da questão: o querer escrever! Acredito que os que pleiteiam uma oportunidade para se tornarem escritores de novela, sejam pessoas que vivam da palavra, pois para quem vive da palavra, poder alcançar esse degrau é poder fazer chegar a mais pessoas, as idéias que eles só conseguem levar a uma minoria que admiram o seu trabalho.

Quem vive da palavra, a faz através da literatura, através do cinema, através do teatro e pode sim, fazer na televisão, ou não. Tornar-se um escritor de nove-la pode ser apenas um complemento para quem vive da palavra e, para muitos que vivem da palavra, chegar lá nem é projeto de vida. Quem trabalha com a escrita, precisa trabalhar com a escrita através do leque que o viver da palavra proporciona.

Para muitos que escrevem, poder participar da equipe de colaboradores de uma novela, pode ser o supra-sumo da carreira, e sei de muitos que se realizam assim e, por quê? Porque o que interessa à eles, não é ser escritor de novelas, pois isso eles já são de fato, é ter a certeza de que estão vivendo da palavra e, assim, ainda têm a oportunidade de transitarem por outras áreas da escrita, aumentando ainda mais, a satisfação pela opção de viver da palavra.

A idéia de fama e reconhecimento faz com que muitos confundam o ofício de escrever, com o “glamour” de ser autor de novelas, no ar, depois de editada, pode até parecer fácil, todo mundo sempre acaba achando um defeito aqui, outro ali, e se julga capaz de fazer diferente, de outra forma, ou até melhor, mas o fato real é que para ter a oportunidade de assinar uma novela só sua, é preciso ter mostrada que é capaz de viver da palavra.

Como no futebol, muitos talentos ficam no caminho por vários motivos que não cabe aqui enumerá-los, mas o fato é que quem pleiteia uma chance de escrever uma novela, deve se ater ao projeto de viver da palavra. Eu já fiz a minha opção, não sei se um dia terei a oportunidade de me juntar ao menos a um grupo de colaboradores de algum autor de novela, mas há tempos decidi que mudaria a minha vida para poder viver da palavra.


Da teoria à prática

março 16, 2012

Pode até parecer fácil, mas a distância entre a teoria e a prática é imensa, principalmente em se tratando do ofício de escritor. Seja uma peça de teatro, um roteiro de cinema ou até mesmo uma novela, tanto a teoria, quanto a prática, ás vezes nos parecem insuficientes e uma não vive sem a outra. Mas, não é difícil encontrar aqueles que, mesmo sem ter a prática e muito menos a teoria, se julgam capazes de realizar quaisquer dessas empreitadas.

Não bastasse a insolência de se arriscarem num campo desconhecido, sim, desconhecido, pois não é porque se vê muito algo, que se tem condições de encará-lo, esses jovens ansiosos ainda se julgam capazes de criticar quem levou anos para assimilar a teoria e anos a fio praticando o exercício da escrita. Querer nem sempre é poder.

Eu até entendo que ás vezes a vontade se sobrepõe á realidade, e acabamos colocando a carroça na frente dos bois, mas não adianta, não tem talento que resista a falta de teoria e de conhecimento, principalmente quando falamos da arte de escrever histórias. Uma hora ou outra, uma das duas vai fazer falta, ou as duas, especialmente se o sonho de escrever virar realidade. Na prática a teoria é outra.

O caminho da escrita, à primeira vista, sempre parece um mar de rosas, mas podem apostar, é tão duro quanto qualquer outra atividade, digo mais, é até mais duro, pois não é tarefa simples a de agradar pessoas com as nossas histórias. As nossas histórias são boas para nós; isso é o que sempre achamos, mas e a opinião dos outros? Não é fácil ouvir que o que fazemos não serve pra nada.

Vocês podem até dizer que pouco importa a opinião dos outros, mas uma hora vai importar, pois quem escreve, escreve para falar a alguém, porque senão, qual a razão de tanto esforço? A tarefa é árdua e não pensem que são capazes de fazer melhor de quem tem anos e anos de estrada, mesmo porque, há outros percalços no caminho de quem escreve e gostar de escrever nem sempre é poder fazer. Escrever não é brincadeira.

Espero que muitos que estejam se iniciando no ofício de escrever, possam se tornar grandes escritores, grandes dramaturgos, grandes novelistas, ou até mesmo, grandes críticos de arte, pois até para criticar quem escreve, tem de saber como é que se faz, mas falar sobre a crítica de arte vai ficar para outro dia.

Portanto, muito mais do que dar asas a imaginação e ter vontade voraz de se tornar um grande escritor é preciso frear a ânsia do fazer de qualquer jeito e de achar que se é capaz. É preciso ter a consciência do aprender, a fim de reunir teoria suficiente para poder colocá-las em prática. Só assim vocês conhecerão a verdadeira distância que há entre a teoria e prática.


Adaptar para exercitar

novembro 18, 2011

Ás vezes, quando a inspiração não dá o ar da graça e a página em branco na tela do computador se faz assustadora e, por mais que se tente, as histórias originais que dão tanto gosto de criar, insistem em não serem contadas, eu lanço mão de uma das lições que aprendi quando freqüentava um curso de dramaturgia: fazer a adaptação de um conto.

Sim, uma boa adaptação de um bom conto é um exercício ideal para praticar a escrita enquanto nossas histórias originais insistem em nos abandonar e também é uma ótima ferramenta para quem ainda tateia e escreve suas primeiras linhas em busca de contar as suas histórias. A adaptação sempre nos auxilia, principalmente, na prática de outros formatos, seja teatro ou cinema.

A prática da dramaturgia, como muitos já devem ter ouvido, é um exercício contínuo e a adaptação de um conto vem de encontro ao exercício desta prática, pois, em cada conto, é possível encontrar todos os elementos que uma boa história necessita e que todos que escrevem, precisam conhecer e ter o domínio sobre eles. Analisar, esmiuçar e dessecar um conto e transpô-lo para um outro formato vai, com certeza, estimular ainda mais a criatividade.

Adaptar a obra de um outro autor não pode ser encarado como uma coisa menor e sem valor, acho até que muito pelo contrário, pois, transformar as linhas de um conto, narrado seja na primeira ou na terceira pessoa, em um texto para teatro ou um roteiro cinematográfico é dar movimento e ação àquela história que estava estática e só ganhava movimento na imaginação de seu leitor.

É claro que quando se faz a adaptação de um conto, não se tem a pretensão de fazê-lo melhor, apenas usar a história já contada e adaptá-la para uma outra linguagem como o teatro, cinema ou televisão. A adaptação, como já disse mais acima, nada mais é do que um grande exercício que nos ajuda a superar certos momentos de falta de inspiração e nos ensina a entender melhor os caminhos da escrita.

Nem sempre uma história original nos dá o ar da graça, não é mesmo? Nem sempre a imaginação se faz presente, mas para quem pratica o exercício da escrita diariamente, a qualquer tempo pode sacar das folhas de um velho livro, um belo conto, explorar a sua criatividade e transformá-lo, dando à ele um novo olhar, uma nova emoção, quem sabe até, um novo final.

Portanto, quem ainda não experimentou e está querendo praticar a escrita da dramaturgia, aconselho ler, esmiuçar, dessecar e adaptar um conto. Explore a história, encontre os conflitos, analise as personagens e dê um outro ponto de vista para o enredo, você não vai fazer uma história original, mas com toda certeza vai ter praticado um belo exercício.


O que faz um texto bom ou ruim?

setembro 3, 2011

Até algum tempo atrás eu não tinha a mínima idéia se alguém acharia o que escrevo bom ou ruim, mas como escrever sempre foi o que eu mais gostei de fazer, eu não me preocupava com isso e continuei. Só que resolvi tirar meus textos do fundo da gaveta e colocá-los a disposição de quem quiser ler. Assim pude ter a exata noção se o que eu estava fazendo tinha ou não algum valor.

Confesso que no primeiro momento, colocar meus textos para apreciação de outras pessoas, me causou grande apreensão, mas tive sorte, sempre encontrei pelo meu caminho, pessoas que me mostraram o que eu precisava e, que ainda preciso em meus textos, para melhorá-los e quais caminhos seguir. E em uma coisa todos foram unânimes, recomendaram-me que eu praticasse a escrita, pois assim aumentaria a possibilidade de ter um texto bom.

E como escrever é uma arte artesanal, eles estavam certos, quanto mais se pratica, mas se ganha habilidade para escrever. Mas só essa habilidade me pareceu pouco para distinguir um texto de bom ou ruim, precisava de outras ferramentas. Foi aí que resolvi freqüentar oficinas de dramaturgia, de roteiros, presenciais e on line, li muito mais do que já lia e busquei conhecimento. Dito e feito, escrever se tornou, muito mais prazeroso.

Outra coisa também vem contribuindo para que eu siga a minha trilha pelos caminhos das letras em busca de um bom texto: disciplina. Reservar-me em meu canto e trabalhar artesanalmente cada frase, cada palavra, fazer e refazer quantas vezes eu achar que deva, até que meu texto expresse a verdade que eu queira passar. Sei que nem sempre eu consigo, mas como escrever é um eterno aprendizado, sei que ainda posso chegar lá.

Hoje, já não fico mais tão apreensivo se vão achar ou não, os meus textos bons, ou ruins, ou sei lá o quê, o que sei é que a minha busca por um texto melhor vai ser eterna, e isso, os meus bons conselheiros também me alertaram. Diziam eles: escreva usando todas as técnicas que você adquirir, use toda a criatividade que você tiver e trabalhe suas palavras da melhor forma para contar a sua história, se o texto for bom, os leitores vão dizer.

Depois de tanto tempo escrevendo, o que posso falar sobre o que seja um texto bom ou um texto ruim, é que não consegui encontrar uma receita para isso, pois se escrevemos de forma rebuscada demais, uns nos acham muito chatos, outros nos adoram; se usamos um vocabulário mais coloquial, os acadêmicos nos renegam, mas outros não; se usamos mão dos clichês, uns dizem que apenas requentamos fórmulas batidas, mas outros nem ligam.

E o que o escritor tem a fazer? Praticar, praticar e encontrar seus leitores, sem nunca deixar de buscar incansavelmente, a produção de um texto cada vez melhor, pois só assim, é que conseguirá atingir mais e mais leitores que atestarão o quanto o seu texto é bom. E é isso que busco!