Antes, a maior dificuldade de um escritor, dramaturgo, ou de um roteirista era o bloqueio criativo, afinal, enfrentar uma folha em branco quando as idéias não vêem é realmente desafiador, mas, hoje em dia, isso não chega nem aos pés das principais preocupações que um escritor tem para contar alguma história. Antes até mesmo de começar a colocar a sua história no papel, o escritor precisa decidir se está disposto, ou não, enfrentar a patrulha ideológica.
Esse tal movimento progressista fiscalizador do que seja o certo e o errado, segundo a sua ideologia, exerce uma pressão descabida sobre os escritores, os ameaçando de cancelamento, caso sua história esteja em desacordo com o que eles julgam que deva acontecer. Na verdade, eles não têm preocupação com a narrativa de uma escrita, nem mesmo com a realidade, querem apenas que as histórias retratem as fantasias da vida que eles pensam viver.
O pior e mais grave disso tudo, são que editoras, produtoras, companhias de teatro, se rendem a esses barulhentos ideológicos, querendo pautar as histórias, forçar situações dramáticas, inventando personagens que não condizem com a história (vide a polêmica com a Cleópatra Preta), determinando cotas disso ou daquilo em cada história, jogando fora a criatividade autoral de quem escreve, em nome de atender grupos que se sentem vítimas até mesmo por estarem vivos.
É, realmente não está nada fácil ser escritor nestes tempos sombrios e agora, além da patrulha ideológica, há um obscuro movimento de censura sendo arquitetado nos porões da política brasileira, que quer impedir a liberdade de expressão, de opinião, criando uma lei para que tudo que venha a ser dito, só possa ser publicado se estiver de acordo com à verdade que eles determinam e determinarão. Está ficando ainda mais difícil ser escritor por aqui, até mesmo escrever uma ficção.
E se não bastasse tudo isso, ainda criam outras dificuldades que alguns escritores têm de enfrentar, além de escrever uma boa história, aliás, isso nem é a prioridade para os segmentos que usam a escrita como ponto de partida de seus produtos dramatúrgicos. Entre essas dificuldades está o preconceito com quem não faz parte de nenhuma minoria ideológica, ou até mesmo com quem é considerado velho demais para escrever. Olha só a que ponto chegamos, hein? Outrora, quanto mais velho, mais respeitado o escritor!
Mas, há de se continuar, apesar e acima de tudo, pois escrever vai muito mais além do que qualquer patrulha ideológica ou de qualquer verdade imposta na base da censura, escrever é missão e quem a abraçou e aceitou seguir por esse caminho, não pode e nem deve se acovardar com ameaças dos que tentam lhe impedir de realizar o seu trabalho. É certo, que muitos já estão acovardados, com medo de ferir o chamado “politicamente correto”, mas há de se continuar, tal “Dom Quixote”, porque escrever é preciso!